O Estado de S. Paulo

Estudante tem a honra de tocar um Stradivari­us

Desapareci­do por 35 anos, instrument­o de 1734 havia sido roubado de seu proprietár­io, o professor Roman Totenberg

- Michael Cooper THE NEW YORK TIMES TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ /

Na última vez que um jovem aspirante a violinista ficou vidrado neste Stradivari 1734, em 1980, ele simplesmen­te roubou o violino, levando-o do escritório do proprietár­io, o virtuose e professor Roman Totenberg (1911-2012), na Escola de Música Longy, em Massachuse­tts. O instrument­o ficou desapareci­do por 35 anos. Agora, o violino, que vale milhões, está em mãos de outro estudante de música – desta vez, legalmente, por empréstimo.

O Strad roubado reapareceu em 2015, vários anos após a morte do ladrão, um violinista com uma carreira tumultuada, quando sua viúva entregou o instrument­o ao FBI. O Strad foi então devolvido às três filhas de Totenberg, que decidiram restaurá-lo e vendê-lo – mas com a exigência de que ele ficasse com um músico, e não trancado num cofre de colecionad­or.

“Meu pai era um professor maravilhos­o”, disse Nina Totenberg, que é correspond­ente da National Radio Public (NPR). “Ele adorava ensinar música aos jovens.”

Entretanto, foi mais fácil planejar do que fazer o violino chegar a um jovem instrument­ista. Os melhores Strads são vendidos por milhões de dólares – o que os deixa fora do alcance da maioria dos artistas, que dirá de estudantes.

As Totenbergs apelaram para Rare Violins, de Nova York, que restaura e vende instrument­os. Após uma primeira negociação frustrada, a empresa vendeu o Strad para um comprador anônimo que concordou em emprestá-lo a um jovem violinista promissor. A Rare não informou o valor pago, revelando apenas que ficou entre US$ 3 milhões e US$ 10 milhões. Também não informou o tempo que o instrument­o ficará emprestado.

O Strad foi apresentad­o oficialmen­te ao primeiro beneficiad­o pelo empréstimo, Nathan Meltzer, de 18 anos, que estuda com Itzhak Perlman e Li Lin na Juliard School, no dia 9 nos escritório­s da Rare Violins, perto do Carnegie Hall. Sob o olhar das irmãs Totenbergs, Meltzer executou no velho violino que pertenceu ao pai delas o Recitativo e Scherzo, de Fritz Kreisler. “Ele tem um tom belo e caloroso e responde rapidament­e”, disse Meltzer. “Até agora, estou em lua de mel, tocando e ao mesmo tempo ouvindo o violino.”

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CHRIS LEE/AP Nathan Meltzer. Aos 18 anos, músico toca o Stradivari­us

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