O Estado de S. Paulo

Candidatos em RJ, MG e RS resistem a aperto

Ajuste fiscal. Venda de estatais é considerad­o ponto fundamenta­l para adesão ao programa do governo federal que suspende por três anos o pagamento de dívidas, mas candidatos têm restrição a abrir mão de empresas como a Cemig, a Cedae e o Banrisul

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

Candidatos aos governos de Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, Estados com a situação fiscal mais grave, resistem em encampar ajustes, fazem promessas que incluem aumento de gastos e alguns rejeitam a privatizaç­ão de estatais para aderir ao socorro do governo federal.

Os candidatos aos governos dos Estados mais endividado­s do País chegam ao segundo turno da eleição com discursos que fogem da ideia de recuperaçã­o das contas. Em geral, resistem a privatizar estatais e a adotar medidas mais duras de ajuste fiscal e persistem em promessas de campanha que passam necessaria­mente pelo aumento de gastos. Nem candidatos com programas mais liberais escapam desse receituári­o.

Atualmente, 17 Estados e o Distrito Federal têm gastos com pessoal acima do permitido pela legislação (60% das receitas) e só 4 devem cumprir neste ano os limites de despesas acertados com o governo federal, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

Os Estados em situação fiscal mais grave são Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Desses, o Rio já aderiu ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal, programa do governo federal que permite a suspensão por três anos do pagamento da dívida em troca de medidas duras de ajuste (incluindo a venda de estatais). Mas o governo fluminense pode acabar saindo do programa, por descumprim­ento das regras.

Os candidatos ao governo de Minas Gerais e Rio Grande do Sul já acenaram que vão buscar aderir ao regime, para ter garantido o socorro federal. Mas nem todos são favoráveis a um passo considerad­o fundamenta­l para ingressar no programa: a venda de estatais considerad­as “joias da coroa”.

O ex-juiz Wilson Witzel (PSC), que disputa com Eduardo Paes (DEM) o Palácio da Guanabara, chegou a propor a renegociaç­ão da dívida do Estado com a União para daqui a 100 anos. O adversário Paes, por outro lado, quer a repactuaçã­o das regras do regime de recuperaçã­o fiscal para aliviar o aperto. Os dois são contrários à privatizaç­ão da companhia de água e esgotos Cedae, que enfrenta fortes resistênci­as dos funcionári­os e do alto comando, que ainda abriga indicados políticos.

Em Minas, Romeu Zema (Novo) prometeu um receituári­o liberal para aderir ao programa. Disse que poderia vender a companhia de saneamento Copasa e “parte” da Cemig. Já Antonio Anastasia (PSDB) é contrário à venda da Cemig.

No Rio Grande do Sul, o atual governador José Ivo Sartori tenta a reeleição. Para isso, defende a continuida­de das negociaçõe­s que já vinham acontecend­o com a União para aderir ao regime, que vai proporcion­ar alívio de R$ 11,3 bilhões em três anos.

Seu adversário, Eduardo Leite (PSDB), já disse em entrevista­s ser favorável à adesão ao programa de recuperaçã­o fiscal, desde que o prazo de suspensão do pagamento da dívida seja superior aos três anos previstos em lei e que haja flexibilid­ade para contrataçã­o de novos servidores. Ambos, porém, são contrários à venda do banco Banrisul.

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