O Estado de S. Paulo

Massa treina para ‘volante pesado’

Piloto brasileiro, ex-F-1, se prepara para correr na nova modalidade de carros elétricos e circuitos de rua

- Felipe Rosa Mendes

Felipe Massa vai dar a largada em novo desafio em sua carreira a partir de terça-feira. No Circuito Ricardo Tormo, em Valência, participar­á pela primeira vez dos testes coletivos da Fórmula E, cuja quinta temporada terá início em dezembro. Será a primeira vez que o ex-piloto de Fórmula 1 poderá avaliar seu desempenho em comparação aos rivais em sua nova categoria. Para tanto, terá que superar alguns obstáculos.

O primeiro deles será o “volante pesado” da competição de carros elétricos organizada pela Federação Internacio­nal de Automobili­smo (FIA). “Um carro da Fórmula E, fisicament­e, é muito mais tranquilo de pilotar do que um F-1. Só que você não tem noção de como é pesado o volante”, revela o piloto em entrevista ao Estado. “A direção é pesada, o volante é maior. Precisa fazer bastante exercício físico para o braço. São duas categorias bem diferentes”, ressalta.

Em compensaçã­o, o esforço físico para o restante do corpo será menor, diz o piloto de 37 anos. Afinal, os carros da F-E são mais lentos. Tem velocidade máxima de 280 km/h porque só correm em circuitos de rua, são mais estreitos, e com maior risco de acidentes também. Um carro de Fórmula 1 pode superar 350 km/h atualmente.

Massa aponta uma limitação peculiar aos monopostos de motor elétrico. Se na Fórmula 1 há a preocupaçã­o constante em poupar a borracha dos pneus, na F-E o desafio é economizar bateria. “A maior dificuldad­e é aprender a guiar o carro de um jeito que salve o máximo possível de bateria durante a corrida. E não é pouca coisa que precisa salvar”, comenta o brasileiro que ficou 15 temporadas na F-1.

Na pista, outros desafios serão os pneus, mais próximos do que se utilizam normalment­e nas ruas, e as disputas mais “quentes” entre os pilotos. “Os carros batem bastante. Eu vou ter de entender o jeito de guiar o carro, encostando nos outros da ‘maneira correta’. Vai ser mais um aprendizad­o”, prevê.

Desde que anunciou sua entrada na Fórmula E, ao acertar com a equipe Venturi, na metade de maio, Massa já participou de cerca de 20 dias de treinos em diferentes pistas. “Estava treinando praticamen­te toda semana. Tive trabalho para me adaptar ao carro e terei ainda mais daqui pra frente”, afirma. Mas ainda é cedo para avaliar seu desempenho na categoria, daí a expectativ­a para os testes na Espanha. “Será algo mais real, cada um com o seu carro. Aí saberemos como estamos em comparação aos outros.”

A maior facilidade para Massa é a proximidad­e da fábrica da sua escuderia, localizada perto da sua casa, em Montecarlo. “O simulador fica a cinco minutos

andando da minha casa, em Mônaco. Não preciso mais pegar avião para ir para o simulador”, brinca – precisava viajar para Itália e Inglaterra na época da F-1 para visitar as fábricas da Ferrari e Williams, respectiva­mente suas últimas equipes.

Empolgado com o novo desafio, o vice-campeão de F-1 em 2008 já aposta alto na categoria. “A F-E é o futuro, não só como categoria, mas também nas ruas. Logo, a maioria dos carros vai ser elétrico’’, diz.

Massa admite que já tentou trazer uma etapa da F-E para o Brasil. A meta inicial dos organizado­res era realizar a corrida neste ano em São Paulo. Porém, a proposta de privatizaç­ão do Anhembi, onde seria disputada a prova, fez o promotor da F-E, Alejandro Agag, recuar. “Já conversei com o Alejandro sobre o assunto. E o que eu puder fazer para ajudar, vou fazer com o maior carinho. Acho que a Fórmula E tem tudo para correr no Brasil.”

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LEO MARTINS/ESTADAO-10/10/2018 Desafio. Felipe Massa está bastante entusiasma­do com a experiênci­a na Fórmula E

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