O Estado de S. Paulo

Expectativ­a de queda do déficit de 2018

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Em vez de um déficit primário admitido pelo governo de até R$ 159 bilhões em 2018, é provável que o desequilíb­rio se limite a R$ 135 bilhões – ou menos. É um valor ainda muito elevado, mas menor do que o esperado no início do ano. Trata-se de projeção preliminar da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI), órgão do Senado cuja missão é monitorar as contas públicas.

Em 2017, o déficit primário de R$ 124,4 bilhões também foi muito inferior ao de R$ 159 bilhões projetado e a explicação para o resultado é a mesma deste ano: redução substancia­l das despesas por decisão do governo, por queda dos gastos com subsídios e subvenções em decorrênci­a de juros menores e pelo chamado “empoçament­o” – que ocorre quando há despesas autorizada­s, mas os ministério­s e órgãos públicos não conseguem executar o que estava orçado.

A contenção dos gastos no biênio 2017/2018 tem efeito positivo sobre o endividame­nto federal. Quanto maior o déficit, maior a necessidad­e de emissão de títulos da dívida pública. Em termos brutos, essa dívida era de R$ 5,2 trilhões em agosto, ou 77,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Além da contenção de despesas e do “empoçament­o”, a melhora das receitas também ajudou as contas públicas. Impostos sobre importaçõe­s e sobre a renda, além das contribuiç­ões sociais Cofins e CSLL, permitiram elevar a arrecadaçã­o. Além disso, mais receitas vieram da exploração de recursos naturais, como os provenient­es do petróleo. A alta das cotações da commodity no mercado global teve, assim, efeito favorável sobre as contas fiscais do governo federal e sobre as contas dos Estados produtores.

Os números do Relatório de Acompanham­ento Fiscal de outubro da IFI são um sinal de que o governo tenta enfrentar o estado lastimável das contas públicas, pressionad­as, por exemplo, pelo déficit decorrente das despesas previdenci­árias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos regimes próprios do funcionali­smo.

O comprometi­mento com o equilíbrio fiscal é o desafio número um do próximo presidente. O equilíbrio exigirá mais do que foi feito até agora. O relatório Prisma Fiscal, do Ministério da Fazenda, baseado em projeções de consultori­as econômicas até 5/10, prevê déficit nominal de R$ 136 bilhões neste ano e de R$ 115 bilhões em 2019 – ainda distante do necessário para eliminar o desequilíb­rio das contas públicas.

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