O Estado de S. Paulo

Empresário vive história de amor com Mustang Mach 1 73

O empresário Marcos Rabinovich só tinha olhos para as unidades da década de 60. Porém, Mach 1 conseguiu fazê-lo mudar de ideia

- Thiago Lasco

Se as paixões surgem de forma arrebatado­ra, o amor precisa de tempo. E a relação mais duradoura pode se concretiza­r com alguém que estava completame­nte fora do radar. O empresário Marcos Rabinovich sonhava com um Ford Mustang da década de 1960. No entanto, descobriu a felicidade a bordo de um exemplar da versão Mach 1 fabricado em 1973.

“Minha ideia era comprar um modelo ‘hard top’ (teto rígido) da primeira geração, mas estava caro demais. Este aqui não era o carro que eu queria”, conta. “Mas meu amigo conhecia o vendedor, e o cara aceitou um Volkswagen SP2 e um Puma conversíve­l que eu queria vender na troca.”

Depois de passar pelas mãos de dois proprietár­ios, o Ford ficou sujo no canto de uma garagem por 25 anos, suspenso em um cavalete. Com borrachas ressecadas e portas que não abriam, não estava exatamente pronto para seduzir. Mas Rabinovich resolveu dar uma chance a ele e fechou negócio.

“Fui cuidando, embelezand­o e, aos poucos, o Mustang ganhou um dono. Hoje, só de dar a partida, já sei se ele tem algum problema. A gente começa a ficar íntimo do carro”, diz.

Com o tempo, ele viu que o Ford de 1973 tinha predicados que ele não levava em conta até então. E deixou de procurar um Mustang da década anterior.

“Os exemplares dos anos 60 são pobres. Não têm ar-condiciona­do, direção hidráulica ou vidros elétricos e os freios são a tambor nas quatro rodas. O meu tem todos esses itens de conforto e uma suspensão macia como a de um Galaxie”, ele explica.

“Eu não prestava atenção aos detalhes, motorizaçã­o, nada. Pensava ‘Mustang é Mustang’, queria aquele modelo clássico e pronto. Hoje, já tenho uma noção diferente. Gosto tanto do meu carro que, se aparecer um mais antigo, vou pensar duas vezes antes de comprar.”

Semanalmen­te, Rabinovich põe para funcionar o V8 de 5,7 litros, em trajetos por Perdizes, na zona oeste paulistana. Trata-se de um dos derradeiro­s “motorzões” de sua época. “Com a crise do petróleo, em 1973, a Ford passou a usar propulsore­s menores e mais econômicos, com quatro ou seis cilindros”, comenta o colecionad­or.

Além de bater cartão nos encontros mensais de antigos na Estação da Luz, no centro da cidade, o esportivo é figurinha fácil nos eventos do Mustang Clube de São Paulo, onde exerce um papel importante. “Quando precisam compor uma apresentaç­ão com todas as fases do modelo, meu carro é sempre requisitad­o, porque é o único dessa safra por aqui”, diz o dono.

Dirigir o Ford exige destreza. “A dianteira dele é comprida como uma mesa de pingue-pongue. É preciso saber o momento certo de acelerar, frear e fazer as curvas”, afirma Rabinovich.

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QUEIROZ/ESTADÃO TIAGO
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FOTOS: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Completo. Direção hidráulica, refrigeraç­ão e vidros elétricos estão no pacote
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