O Estado de S. Paulo

Na onda dos robôs

O mercado de chatbots, utilizado no atendiment­o automático de clientes, deve ter faturament­o global de US$ 1,25 bilhão até 2025

- Cris Olivette

Em sintonia com a expansão do

mercado global de chatbots, um tipo de robô usado no atendiment­o automático de clientes, startups que atuam no País fornecem o serviço para grandes empresas

Pensando em criar um negócio de atendiment­o automático de clientes (chatbots) para explorar as potenciali­dades da inteligênc­ia artificial? Então, saiba que irá competir com pelo menos 1.160 startups que fazem parte da plataforma 100 Open Startups (que conecta startups e grandes empresas), e que declaram desenvolve­r soluções para esse tipo de atendiment­o.

O dado, porém, não deve desestimul­ar quem quer entrar neste mercado, porque a expectativ­a de receita global no segmento até 2025 é de US$ 1,25 bilhão, conforme estudo feito pela Grand View Research, divulgado em agosto de 2017.

“Essa é uma das áreas mais bem atendidas pelas startups”, conta o CEO do movimento 100 Open Startups, Bruno Rondani. Segundo ele, as empresas nascentes desse setor fazem uso de plataforma­s inovadoras oferecidas por grandes players como Google, Amazon, IBM, Microsoft e Oracle, para desenvolve­rem suas aplicações.

Professor da FGV especializ­ado em tecnologia e inovação, Arthur Igreja considera que este é um mercado em franco cresciment­o. “A tecnologia disponível está melhorando rapidament­e. No começo, o uso de robôs de atendiment­o era precário, eles só respondiam a questões muito básicas. As plataforma­s de grandes players evoluíram muito e hoje são usadas por empreended­ores para desenvolve­rem robôs que fazem atendiment­os específico­s.”

Igreja afirma que esse mercado tem muito espaço, porque ao adotar esse tipo de solução a empresa passa a manter atendiment­o 24 horas por dia, com redução de mão de obra. “Diria que é um mercado que nem começou a ser fatiado. Vai se dar bem quem conseguir focar em um nicho e, assim, se destacar”, diz ele.

Rondani ressalta que por esse motivo, atualmen te existe pouca barreira de entrada para iniciar uma aplicação de chatbot. “O grande diferencia­l está na qualidade do atendiment­o oferecido”, acrescenta.

CEO da Smarkio, fundada em 2014, Fernando Wolf diz que a empresa nasceu para oferecer chatbot às empresas do setor financeiro. “Atendemos administra­doras de cartão de crédito, empresas de cobrança etc. O Brasil tem mais de 1,7 mil instituiçõ­es nessa área.”

Segundo ele, definir um segmento de atuação ajuda muito, porque a inteligênc­ia artificial é baseada em conceitos de aprendizad­os que o ser humano passa para a máquina. “Ao entender um segmento com profundida­de podemos treinar a máquina de maneira rápida e adotar linha de curadoria mais assertiva. É importante segmentar o foco de atuação”, recomenda.

A Smarkio já conquistou 30 clientes e mantém time de 15 pessoas. A dica do CEO para quem quer entrar no segmento é utilizar as plataforma­s que os grandes players oferecem e que se adaptam conforme a necessidad­e do novo negócio.

Baixo custo. “É muito barato começar um negócio e ir tocando dessa forma. Um grande exemplo é o chatbot Bia, construído pelo Bradesco sobre tecnologia da IBM. Os grandes players estão tão avançados em termos de inteligênc­ia, que vale mais consumir a ferramenta deles pagando centavos pelo uso, que construir a própria. O valor pelo uso aumenta, conforme atrair mais clientes. Não faz sentido aos pequenos criarem os próprios motores de inteligênc­ia”, afirma.

Segundo ele, a melhor forma de atrair grandes clientes é fazer implantaçõ­es de sucesso. “Nossos maiores vendedores são os nossos clientes.” A startup atende Itaú, Vivo, Citi, Hyundai e Tim, entre outras.

Fundada em Barcelona em 2005, a Inbenta opera no Brasil desde 2010, sob comando do country manager, Ángel Trujillo. Segundo ele, a tecnologia oferecida por sua empresa ajuda a melhorar o atendiment­o aos clientes de companhias que recebem grande volume de ligações.

“Com a nossa solução é possível substituir cerca de 80% da equipe de call center por robôs de atendiment­o, porque as respostas simples correspond­em a 80% das questões que podem se solucionad­as por uma máquina. Questões mais complexas continuam sendo resolvidas por pessoas.”

Trujillo conta que a Inbenta também facilita a vida dos agentes de call center, porque a plataforma fornece fontes de informaçõe­s para consulta. “Gerenciamo­s a base de conhecimen­to usada para as respostas dadas tanto pelo chatbot quanto pelos agentes do call center.”

Segundo ele, grandes empresas que escolhem pequenos negócios para fornecerem serviços de chatbot encontram diferencia­is. “Em nosso caso, por sermos pequenos e estarmos no Brasil desde 2010, temos facilidade de ofertar produto com linguagem natural em português de boa qualidade. Outra vantagem é o preço. Temos custos mais competitiv­os por trabalharm­os com equipe enxuta, além do aspecto de agilidade para personaliz­ar e implantar o sistema em poucas semanas.” Trujillo diz que a tecnologia é ideal para empresas que recebem acima de dez mil ligações por mês.

Fundada em 2012, a Superare entrou no mercado de chatbots em 2016, quando Eduardo Augusto se associou ao negócio. “Desde então, focamos nas grandes companhias. Já fizemos mais de 55 bots, a maioria para as áreas de vendas e atendiment­o. Nos especializ­amos em saber como construir conversas adequadas ao público-alvo de cada empresa.”

Augusto diz que para deixar os robôs mais humanizado­s treina profission­ais com diversos perfis para atuarem como “designer conversaci­onal”. “Eles desenham os fluxos de como o robô deve responder, os tipos de perguntas, o tom de voz etc.”

Depois de conquistar clientes como Natura, Sony e Claro, entre outras, o empresário avalia que a vantagem das pequenas é ter velocidade na implementa­ção e capacidade de trocar rapidament­e caso não dê certo e propor algo novo.

Para quem vai entrar nesse mercado, Augusto diz que na hora de desenvolve­r o serviço, o ideal é sempre pensar no problema e nunca na ferramenta. “Pense no problema do cliente, entenda o porquê e não o que ele precisa com essa solução. É preciso começar pequeno, com um projeto simples para mostrar o seu potencial e ir crescendo aos poucos.”

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Trujillo. ‘Temos preços competitiv­os e agilidade’
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO
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DANIEL VENDRAMINI/DIVULGAÇÃO
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PAULO PELEJE/DIVULGAÇÃO

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