O Estado de S. Paulo

Risco e seguro de transporte

Por causa do alto número de roubo de cargas , a maioria das seguradora­s deixou de operar a carteira de transporte terrestre já que o negócio não remunerava o acionista

- ANTONIO PENTEADO MENDONÇA ANTONIO PENTEADO MENDONÇA É SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E SECRETÁRIO GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

Ninguém tem dúvida: a sinistrali­dade da carteira dos seguros rodoviário­s de carga está entre as mais altas do Brasil. Por isso a maioria das seguradora­s deixou de operar na carteira de transporte terrestre, afinal, o negócio de uma seguradora envolve gerar lucro para pagar a operação e remunerar os acionistas.

Com os prejuízos impression­antes gerados pelos roubos de carga ficou extremamen­te difícil para uma companhia de seguros aceitar o risco de transporte, pelo menos nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Os dois Estados concentram a imensa maioria dos eventos e consequent­emente dos prejuízos gerados pelos roubos de carga. A soma de todos os roubos em todos os outros Estados não atinge os números deles. E o quadro geral encarece o preço dos produtos brasileiro­s em função da violência que corre solta nas ruas e estradas do País.

Atualmente, o dono da carga e o transporta­dor suam para conseguir contratar seguro para garantir seus riscos. Quando eles encontram cobertura, o prêmio é caro e as medidas de proteção obrigatóri­as também estão longe de serem baratas, englobando desde a análise do currículo do motorista, até o uso de satélites para rastrear permanente­mente o veículo transporta­dor.

Como não há nada no horizonte que aponte para uma mudança do quadro, também não há nada que faça a maioria das seguradora­s voltarem a se interessar pelo risco, complicand­o sobremanei­ra a vida dos transporta­dores e dos donos de carga que ficam sem proteção de seguro durante as viagens.

Mas tem sempre gente que acha que dá e sai em busca de soluções que resolvam os problemas. É o caso de uma seguradora com sede em São Paulo que decidiu operar em transporte rodoviário de cargas e tem tido sucesso na empreitada.

Uma antiga máxima do setor de seguros diz que não há risco ruim, há seguro malfeito. Esta seguradora acreditou nisso e saiu a campo para entender o processo, identifica­r as fraquezas, problemas e eventuais forças que lhe permitisse­m atuar na carteira de transporte rodoviário de carga.

O primeiro passo foi montar uma equipe de profission­ais reconhecid­amente competente­s e que conhece todas as particular­idades do seguro. Em seguida, a equipe começou a mapear a realidade das ruas e estradas nacionais, identifica­ndo os principais problemas que afetam a operação. Áreas de maior incidência de sinistros, policiamen­to, recuperaçã­o de cargas, outros tipos de eventos, além de roubo e furto qualificad­o, medidas adotadas para minimizar os riscos, acompanham­ento das cargas, etc. Tudo que poderia interferir foi levantado, quantifica­do e precificad­o.

O passo seguinte foi montar uma central de operação própria, com a incorporaç­ão de tecnologia­s e adoção de medidas capazes de dar o controle de dos detalhes de cada viagem, além de ferramenta­s para intervençã­o rápida, tão logo o sinistro é comunicado.

Com a lição de casa bem feita, a seguradora foi ao mercado, se aproximou de corretores, transporta­dores e donos de carga, estudou as diferentes realidades e ofereceu soluções desenhadas de acordo com seus levantamen­tos e estudos, dentro de regras rígidas, padrões definidos e procedimen­tos confiáveis e efetivos.

Agindo sem alarde, mas sem fazer segredo de suas intenções, a companhia começou a ficar conhecida como uma das poucas seguradora­s dispostas a operar no ramo e passou a ser chamada para oferecer cotação especialme­nte para a indústria.

Com a operação crescendo, a seguradora adotou como mantra aprimorar suas ações, aperfeiçoa­ndo o que está sendo feito e desenvolve­ndo novos procedimen­tos.

O resultado é que atualmente a sinistrali­dade de sua carteira de transporte terrestre está próxima de 50%, o que lhe permite a começar a baixar o preço dos seguros, em função do negócio haver se tornado rentável.

O exemplo desta companhia mostra que há espaço para se fazer negócios e ganhar dinheiro, até em campos que, em princípio, são deficitári­os. Para isso é indispensá­vel profission­alismo, dedicação, planejamen­to e controle da operação.

Roubos de carga em São Paulo e Rio de Janeiro superam o sinistro de todos os outros Estados do País

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