Candidato do PSL visita o Bope; petista revê estratégia
Candidato diz a militares que classe ‘terá um dos nossos’ em Brasília e que polícia de elite será substituída por drones nos morros do Rio
Jair Bolsonaro foi ontem à sede do Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio, o Bope. Segundo assessor do presidenciável, foi uma “visita a amigos”. Bolsonaro afirmou que a área militar terá “um dos nossos em Brasília”. Sem conseguir consolidar uma frente de apoios, líderes petistas defendem que o programa de governo de Fernando Haddad adote pauta mínima capaz de aglutinar forças.
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, fez ontem campanha na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, na zona sul da cidade. Segundo um assessor do presidenciável, foi uma “visita a amigos”. Bolsonaro cumprimentou e tirou fotos com policiais militares e, em seu discurso, afirmou que a classe militar “terá um dos nossos” em Brasília, caso seja eleito.
A visita durou cerca de duas horas. Bolsonaro falou do desempenho de seu partido, que conquistou 52 cadeiras na Câmara dos Deputados, só menor do que a do PT.
“Fizemos a segunda maior bancada em Brasília, sem televisão. Isso vem de gente como vocês. Então, a gente tem de acreditar e tentar mudar, buscar fazer a coisa certa. Eu acho que isso é possível, afinal de contas não temos outro caminho”, afirmou. Ele encerrou o discurso a praças e oficiais com o grito de guerra dos integrantes do batalhão (“Caveira!”).
Bolsonaro, que não deu entrevistas, ainda brincou com um coronel que foi cumprimentálo. “Tô dando continência pro coronel, mas quem vai mandar no Brasil serão os capitães”, disse, fazendo referência a sua patente como militar.
Drones. O candidato disse também que, se depender dele, o Bope será aposentado e “quem vai subir morro vai ser um pelotão de drones”. O presidenciável discorreu sobre as dificuldades enfrentadas pelos policiais durante as operações, que muitas vezes acabam com PMs ou suspeitos mortos.
“Outro dia eu fiz até uma... não é uma brincadeira, é coisa séria, e falei ‘no que depender de mim, vou aposentar o Bope. Quem vai subir morro vai ser pelotão de drones’, tá ok? É uma realidade”, afirmou. “Nós temos que preservar a vida humana das pessoas de bem. E vocês são as pessoas de bem”, continuou. “O que acontece no tocante à criminalidade aqui no Rio não acontece em lugar nenhum no mundo.” Antes de deixar a sede do Bope, ele almoçou com o batalhão.
Contestações. O ato eleitoral em um batalhão pode suscitar contestações na Justiça Eleitoral. A Lei das Eleições (n.º 9.504/97) proíbe o uso, em benefício de candidato, partido político ou coligação, de bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municípios, ressalvada a realização de convenção partidária.
A norma é detalhada no Artigo 73 da lei, que trata das condutas vedadas por agentes públicos, servidores ou não, tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais.
O advogado Francisco Emerenciano, especialista em Direito Eleitoral, explica que o ato só pode resultar em alguma punição para o candidato depois que for analisado pela Justiça.
“O fato de ele participar deste evento, por si só, não resulta em penalidade. Só depois de demonstrada a gravidade do ato, ou se ele gerou algum prejuízo ou influência no resultado no pleito, que a Justiça vai analisar. Esta avaliação não é automática, a gravidade é subjetiva”, disse. O fato pode gerar de multa até cassação do registro.
“Fizemos a segunda maior bancada em Brasília, sem televisão. Isso vem de gente como vocês. Então, a gente tem de acreditar.” Jair Bolsonaro (PSL)
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