O Estado de S. Paulo

Candidato do PSL visita o Bope; petista revê estratégia

Candidato diz a militares que classe ‘terá um dos nossos’ em Brasília e que polícia de elite será substituíd­a por drones nos morros do Rio

- Marcio Dolzan Constança Rezende / RIO

Jair Bolsonaro foi ontem à sede do Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio, o Bope. Segundo assessor do presidenci­ável, foi uma “visita a amigos”. Bolsonaro afirmou que a área militar terá “um dos nossos em Brasília”. Sem conseguir consolidar uma frente de apoios, líderes petistas defendem que o programa de governo de Fernando Haddad adote pauta mínima capaz de aglutinar forças.

O candidato do PSL à Presidênci­a da República, Jair Bolsonaro, fez ontem campanha na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, na zona sul da cidade. Segundo um assessor do presidenci­ável, foi uma “visita a amigos”. Bolsonaro cumpriment­ou e tirou fotos com policiais militares e, em seu discurso, afirmou que a classe militar “terá um dos nossos” em Brasília, caso seja eleito.

A visita durou cerca de duas horas. Bolsonaro falou do desempenho de seu partido, que conquistou 52 cadeiras na Câmara dos Deputados, só menor do que a do PT.

“Fizemos a segunda maior bancada em Brasília, sem televisão. Isso vem de gente como vocês. Então, a gente tem de acreditar e tentar mudar, buscar fazer a coisa certa. Eu acho que isso é possível, afinal de contas não temos outro caminho”, afirmou. Ele encerrou o discurso a praças e oficiais com o grito de guerra dos integrante­s do batalhão (“Caveira!”).

Bolsonaro, que não deu entrevista­s, ainda brincou com um coronel que foi cumpriment­álo. “Tô dando continênci­a pro coronel, mas quem vai mandar no Brasil serão os capitães”, disse, fazendo referência a sua patente como militar.

Drones. O candidato disse também que, se depender dele, o Bope será aposentado e “quem vai subir morro vai ser um pelotão de drones”. O presidenci­ável discorreu sobre as dificuldad­es enfrentada­s pelos policiais durante as operações, que muitas vezes acabam com PMs ou suspeitos mortos.

“Outro dia eu fiz até uma... não é uma brincadeir­a, é coisa séria, e falei ‘no que depender de mim, vou aposentar o Bope. Quem vai subir morro vai ser pelotão de drones’, tá ok? É uma realidade”, afirmou. “Nós temos que preservar a vida humana das pessoas de bem. E vocês são as pessoas de bem”, continuou. “O que acontece no tocante à criminalid­ade aqui no Rio não acontece em lugar nenhum no mundo.” Antes de deixar a sede do Bope, ele almoçou com o batalhão.

Contestaçõ­es. O ato eleitoral em um batalhão pode suscitar contestaçõ­es na Justiça Eleitoral. A Lei das Eleições (n.º 9.504/97) proíbe o uso, em benefício de candidato, partido político ou coligação, de bens móveis ou imóveis pertencent­es à administra­ção direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos território­s e dos municípios, ressalvada a realização de convenção partidária.

A norma é detalhada no Artigo 73 da lei, que trata das condutas vedadas por agentes públicos, servidores ou não, tendentes a afetar a igualdade de oportunida­des entre candidatos nos pleitos eleitorais.

O advogado Francisco Emerencian­o, especialis­ta em Direito Eleitoral, explica que o ato só pode resultar em alguma punição para o candidato depois que for analisado pela Justiça.

“O fato de ele participar deste evento, por si só, não resulta em penalidade. Só depois de demonstrad­a a gravidade do ato, ou se ele gerou algum prejuízo ou influência no resultado no pleito, que a Justiça vai analisar. Esta avaliação não é automática, a gravidade é subjetiva”, disse. O fato pode gerar de multa até cassação do registro.

“Fizemos a segunda maior bancada em Brasília, sem televisão. Isso vem de gente como vocês. Então, a gente tem de acreditar.” Jair Bolsonaro (PSL)

EM EVENTO NO BOPE

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TWITTER JAIR BOLSONARO Visita. Bolsonaro esteve durante duas horas em batalhão e discursou para tropa de elite

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