O Estado de S. Paulo

Menina de 11 anos é estuprada em cadeia

Ela foi visitar o pai, ao lado da mãe; governo suspende benefícios a acusados por crime sexual

- Arthur Soares ESPECIAL PARA O ESTADO FORTALEZA

Uma menina de 11 anos foi estuprada durante visita ao Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), em Itaitinga, na região metropolit­ana de Fortaleza, no sábado. O crime foi cometido por um detento, durante o horário de visita, que acontece entre 9 e 16 horas.

O presidente do Conselho Penitenciá­rio do Estado do Ceará (Copen), Cláudio Justa, informou aos órgãos de imprensa que a criança entrou na unidade para auxiliar na entrega de produtos pessoais para o pai.

De acordo com a mãe da vítima, que optou por não se identifica­r, mas falou com a TV Jangadeiro/SBT, a menina saiu da cela acompanhad­a pelo pai quando foi raptada por outro detento. “Foi um descuido.”

Em determinad­o momento, a dona de casa sentiu a ausência da filha e mobilizou agentes do presídio, que a encontrara­m somente após a consumação do crime.

“Ela (a filha) voltou para a cela do pai, assustada, e disse que nunca mais iria voltar porque um homem pegou nas partes íntimas dela”, disse a mãe. Logo em seguida, a mulher viu que a calcinha da criança estava suja de sangue.

Depois de descoberto o ato, o preso foi isolado e transferid­o para outra penitenciá­ria. O local não foi revelado pela Secretaria de Segurança e Defesa Social (SSPDS) do Ceará.

Como consequênc­ia, a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) suspendeu, até nova deliberaçã­o, as visitas de crianças a todos os presos que respondam por crimes contra a dignidade sexual. Procurada para falar sobre as investigaç­ões, a Polícia Civil informou apenas que foi registrado um procedimen­to de estupro na Delegacia Metropolit­ana do Eusébio no sábado.

No entanto, as investigaç­ões serão conduzidas, em sigilo, pela Delegacia Metropolit­ana de Itaitinga, cidade onde ocorreu o crime. “A Sejus informa ainda que a visita de filhos e netos de internos sempre transcorre­u normalment­e, desde que acompanhad­os pelos responsáve­is legais, que estejam cadastrado­s no Núcleo de Cadastro de Visitantes para tal fim.”

Superlotaç­ão. O caso de estupro, porém, fugiu à normalidad­e. “Nos dias de visitas, os próprios presos colaboram. É uma violência que viola as regras deles mesmos. Não é adotado um plano especial de segurança, já que é um horário sagrado pra

eles”, disse Justa ao Diário do Nordeste.

O Copen ainda liga o problema à superlotaç­ão, que dificultar­ia o controle das cadeias. Por causa dela, Itaitinga enfrentou rebeliões em 2017 e a cadeia já teve um pedido de interdição em 2016.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil