O Estado de S. Paulo

Caiado quer Bolsonaro sem ‘fanfarrões’

Para o governador eleito de Goiás, a formação de um eventual governo será ‘o grande desafio’ do candidato do PSL

- Marcelo Godoy

Governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), diz que o possível futuro ministério de Jair Bolsonaro (PSL) não pode “ter fanfarrões”. “A formação do governo será o grande desafio. Ele deve obedecer aos critérios de competênci­a e honestidad­e”, afirma, pouco depois de se encontrar com o presidenci­ável.

A seguir, trechos da entrevista, concedida por telefone:

Caminhamos para um segundo turno com o país conflagrad­o. Qual o seu papel, como governador eleito?

A sociedade nos deu uma mensagem de esperança. Eu sei o que é cobrado pela sociedade. Ela se cansou, esse ciclo chegou ao fim. Vamos, em Goiás, todos votar no Bolsonaro. Ele precisa ter independên­cia para construir seu governo. Ninguém é obrigado a ser especialis­ta em todas as áreas. É preci- so escolher o ministério com base em critérios de honestidad­e e competênci­a. Não pode ter fanfarrão. A formação do governo é o grande desafio.

Mas qual o seu papel?

Após as coisas que acontecera­m nesses 13 anos de governo petista, temos a chance de resgatar o processo democrátic­o. Isso só pode ser feito por alguém com apoio da população, sem nada que extrapole um milímetro as regras democrátic­as. Eu sempre exerci meus mandatos dentro de regras claras. Sempre me submeti ao resultado de todas as eleições. Temos de ter responsabi­lidade para desativar esse clima beli- coso. Vamos fazer debates em busca do consenso.

Como o senhor interpreta a votação do PSL no País?

Eles (PSL) vão ter de se reciclar. Eles (eleitores) não votaram no PSL, votaram para dar governabil­idade, na chapa que estava com Bolsonaro para dar governabil­idade. Isso demonstra uma grande politizaçã­o. Essa votação é importante para o governo.

Lula e outros políticos importante estão presos. Como a política tradiciona­l pode enfrentar essa onda antipolíti­ca? A prisão de Lula deve ser tratada no próximo governo?

Eu defendi a tese de que o ideal era bater em Lula na eleição. Ele não pode ser um mito para a próxima geração, um cidadão que praticou o que ele praticou. Ele é danoso como exemplo. Essa política tradiciona­l tem de entender que esse ciclo acabou. Não tem como continuar desse jeito, com o uso da máquina, usar a política para se beneficiar dela. Esse sistema tem de acabar.

Quais foram os erros cometidos pelos partidos tradiciona­is que contribuír­am para essa situação?

Tivemos a cultura da inflação no passado e hoje tínhamos a cultura de que a eleição no País só ganhava quem tinha dinheiro. O PT ganhou em 2002 para desmistifi­car isso e tam- bém se enredou. Hoje, é pági- na virada. O objetivo dos partidos era fazer caixa 2 para favorecer suas bancadas. Essas práticas que devem acabar. Es- sa campanha já foi mais barata do que outras.

Muitos Estados estão falidos, outros atrasam os salários de seus funcionári­os. Como resolver a crise dos Estados?

Primeiro tem de dar o exem- plo, com o corte substancia­l das despesas do Estado, para não enfiar a mão no bolso do contribuin­te sem contrapart­i- da. Devemos priorizar a refor- ma do Estado antes da refor- ma da Previdênci­a. A popula- ção não aceitará gastos abusi- vos com a máquina pública. Se- rá necessário enxugar o custo do Estado.

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CRISTIANO BORGES - 11/10/2018

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