O Estado de S. Paulo

Candidato do PSL é eficaz ao aumentar rejeição a adversário

- Luiz Bueno PROFESSOR DE FILOSOFIA DA FAAP

Apesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem aponta Jair Bolsonaro com 59% das intenções de voto contra 41% para Fernando Haddad, consideran­do-se apenas os votos válidos. A diferença a favor do candidato do PSL é muito expressiva: são 18% de vantagem. Os números têm se mostrado estáveis. Na pesquisa Datafolha de 10 de outubro, Bolsonaro obteve 58% das intenções de voto, enquanto que para Haddad este número foi de 42%. Consideran­do-se as margens de erro, nenhuma alteração significat­iva.

Entretanto, alguns dos indicadore­s na pesquisa Ibope podem ser observados com mais atenção. Note-se que a rejeição a Haddad agora é maior do que a de seu adversário: 47% dos pesquisado­s afirmam que não votariam nele em hipótese alguma enquanto que para Bolsonaro a rejeição é de 35%.

Consideran­do-se que a campanha eleitoral em rádio e televisão foi reiniciada, a pesquisa de ontem parece indicar que Bolsonaro estaria sendo mais eficaz do que Haddad em provocar o aumento da rejeição a seu concorrent­e.

Este parece ser o resultado de campanhas em que as propostas de governo de ambos continuam sendo muito vagamente expostas e pouco exploradas pelos candidatos, que continuam apostando no ataque aos pontos que consideram negativos em seu concorrent­e. Campanhas que, desde o início, no primeiro turno, investem nos conflitos no campo moral e cultural e pouco ou quase nada nas questões econômicas e estruturai­s do Brasil. Mesmo com a retirada de Lula das imagens e a mudança nas cores, eliminando o tradiciona­l vermelho do PT e adotando o verde-amarelo, o resultado para Haddad pouco apareceu.

Se o método é apostar no populismo na comunicaçã­o e na vaguidão de propostas, ao que tudo indica, Bolsonaro e sua equipe têm aplicado esta técnica com mais eficácia que Haddad e seu grupo.

A persistire­m estes números, Bolsonaro pode vencer a corrida presidenci­al com larga margem de vantagem. E ainda não se pode deixar de considerar que parece haver muitos eleitores que evitam declarar publicamen­te sua opção por Bolsonaro, mas cujos votos podem produzir uma vantagem numérica ainda maior. O primeiro turno mostrou isso concretame­nte, dada a expressiva diferença de votos em favor de Bolsonaro que não foi captada em tempo pelos institutos de pesquisa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil