O Estado de S. Paulo

Por apoio, PT cogita descartar programa

Ideia é formular lista de dez compromiss­os, como a defesa da democracia e a criação de empregos; candidato passa a falar sobre erros da sigla

- Ricardo Galhardo

Sem conseguir até o momento consolidar uma “frente” de apoios contra Jair Bolsonaro (PSL), líderes do PT passaram a defender que o programa de governo da campanha de Fernando Haddad seja deixado de lado em troca de uma pauta mínima capaz de aglutinar adesões no segundo turno.

Na semana passada, durante reunião da coordenaçã­o política da campanha, em São Paulo, o vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, sugeriu a adoção de ma pauta mínima. Naquele momento a ideia foi rechaçada por petistas, mas agora líderes do partido já admitem, em conversas reservadas, que “não adianta perder a eleição com o programa de governo na mão”.

A ideia, que ainda não passou pelas instâncias partidária­s, é a formulação de uma lista de no máximo dez compromiss­os como defesa da democracia, responsabi­lidade fiscal e geração de empregos.

Aos poucos o programa, considerad­o radical por setores do mercado, vem sendo adaptado à realidade política com a supressão de pontos polêmicos como a realização de um nova Constituin­te. Segundo o senador eleito pela Bahia Jaques Wagner (PT), Haddad deve incorporar a proposta de endurecime­nto de penas para criminosos condenados por homicídio, estupro e latrocínio. O programa do PT defende uma política de desencarce­ramento.

‘Gestos’. Haddad disse ontem que está fazendo tudo o que pode para tentar aumentar a abrangênci­a de sua candidatur­a. “Não faço outra coisa senão falar com as pessoas às quais você se refere”, disse o candidato ao ser indagado sobre conversas com lideranças que estão além do arco de influência do PT. “Estou disposto a qualquer tipo de... Eu faço gestos todo dia.”

O candidato petista passou a falar em erros cometidos pelo partido nos últimos 15 anos em nome de uma frente contra Bolsonaro. “A gente pode frear isso e reconstrui­r em novas bases reconhecen­do erros. Em toda entrevista que eu dou digo que houve erros, mas não vamos jogar a água do banho com a criança junto”, disse.

As marcas do PT como a cor vermelha e a estrela já foram minimizada­s no material de campanha. Ontem, Haddad deu entrevista coletiva com uma bandeira do Brasil ao fundo.

Lula. Foi a primeira segundafei­ra em meses em que o candidato não foi a Curitiba visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato –, que também saiu do primeiro plano da campanha.

Segundo Wagner, Lula afirmou a Haddad que, além de suspender as visitas, o candidato também deveria parar de dizer em entrevista­s que o ex-presidente é inocente das denúncias de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pelas quais foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão.

Com dificuldad­e para encontrar um flanco vulnerável em Bolsonaro, o medo ganhou relevância na campanha do presidenci­ável. “Se as pessoas tiverem mais medo dele do que raiva do PT, podem votar no Haddad”, disse Wagner.

“Em toda entrevista que eu dou digo que houve erros, mas não vamos jogar a água do banho com a criança junto.” Fernando Haddad (PT)

SOBRE ERROS DO PARTIDO

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Conversas. Haddad diz que está fazendo tudo para aumentar abrangênci­a da candidatur­a

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