O Estado de S. Paulo

RESGATE BRASILEIRO NO LÍBANO

Fragata do Brasil retira do mar 31 imigrantes sírios que estavam à deriva no Mediterrân­eo

- Roberto Godoy

Era uma manhã de sol e muito calor no Mediterrân­eo, há quatro dias, quando a fragata Liberal, a F-43 da Marinha do Brasil, encontrou a pequena lancha superlotad­a por 31 refugiados sírios, muitos deles crianças e mulheres, carregando mochilas, levando poucos documentos.

O grupo pretendia chegar à Ilha de Chipre, fugindo da guerra civil que já provocou 350 mil mortes. A embarcação leve estava sem combustíve­l, à deriva havia pouco menos de uma semana. Os estoques limitados de água e comida haviam se esgotado. Todos estavam debilitado­s e ao menos dois casos de desidrataç­ão associada a desnutriçã­o foram considerad­os graves.

O comandante do navio brasileiro, capitão Cláudio Correa, ordenou que fosse prestado o atendiment­o médico de urgência. Também foram fornecidos suprimento­s e remédios. O resgate dos refugiados foi feito por duas lanchas oceânicas da força naval do Líbano. A Liberal escoltou as embarcaçõe­s.

Até ontem, essas eram as únicas informaçõe­s autorizada­s pela chefia da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) a respeito do evento, o segundo do gênero em que a Marinha se envolve diretament­e. Há dois anos, em setembro de 2015, a corveta Barroso, a V-34, resgatou 220 refugiados – entre os quais, 4 bebês. Todos foram abrigados na corveta – o barco usado para tentar chegar à costa da Itália corria risco de naufragar. A Barroso encontrou os refugiados antes de ser incorporad­a à missão da ONU. Bem diferente do que houve agora. A F-43 foi acionada pela Força Tarefa Marítima (FTM), comandada pelo contra-almirante Eduardo Vasquez, para localizar os refugiados empregando o radar de busca e os recursos do helicópter­o de bordo, um Lynx de ataque, observação e transporte.

A lancha estava sem energia e sem capacidade de acionar os motores a cerca de 75 km do litoral de Beirute, a capital libanesa. Embora com excesso de passageiro­s, não havia ameaça iminente de perda da embarcação, relativame­nte moderna e equipada.

A Marinha do Brasil participa há sete anos da FTM-Unifil. A Liberal é a nau capitânia da força naval internacio­nal composta por navios de Alemanha, Grécia, Indonésia, Bangladesh e Turquia. O navio com tripulação de 200 militares (times de operação da fragata, da ala aérea e de mergulhado­res de combate) vai permanecer no Líbano por oito meses, cumprindo a missão de adestramen­to em operações navais, interdição marítima, repressão ao contraband­o de armas e ao tráfico humano.

Para atuar na região, a F-43 é configurad­a em condição de combate. Conta com sistemas de detecção, acompanham­ento, aquisição e ataque a alvos submarinos, de superfície e aéreos. Leva um sonar de casco, radares de busca, navegação, vigilância e de direção de tiro. Tem também um sistema de apoio à guerra eletrônica.

O conjunto de armas integra dois canhões, metralhado­ra pesada, mísseis antinavio de longo alcance (180 km) Exocet MM-40 modernizad­os e antiaéreos (25 km) Aspide. Pode lançar torpedos antissubma­rino Mk-46 a partir do helicópter­o Lynx. É a quarta vez, em seis anos, que o navio participa da Operação Líbano.

 ?? MARINHA DO BRASIL-12/10/2018 ?? Mediterrân­eo. Fragata Liberal resgata 31 refugiados sírios
MARINHA DO BRASIL-12/10/2018 Mediterrân­eo. Fragata Liberal resgata 31 refugiados sírios

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil