O Estado de S. Paulo

Bolsonaro quer setor privado em projetos deinfraest­rutura

Investimen­tos. Proposta da equipe do candidato do PSL, líder nas pesquisas, é ampliar ferrovias, rodovias e aeroportos no País sem colocar dinheiro público, além do que já está previsto no Orçamento; papel do BNDES deve ser limitado nas concessões

- Renata Agostini Vinicius Neder / RIO

Ideia é expandir ferrovias, rodovias e aeroportos com poucos recursos públicos Caso Jair Bolsonaro (PSL) seja eleito, sua equipe planeja um pacote para destravar projetos de infraestru­tura. Os planos incluem a possibilid­ade de renovação antecipada de contratos em curso e relicitaçã­o dos que apresentam problemas. A base do plano é expandir ferrovias, rodovias e aeroportos principalm­ente com recursos privados. O BNDES poderá financiar a fase de construção, segundo Paulo Coutinho, economista que supervisio­na propostas para infraestru­tura do PSL. “Objetivo é não colocar mais dinheiro do governo. O limite é o que está hoje no Orçamento”, disse. A discussão de propostas ainda está em fase inicial, mas a estratégia geral do programa de um eventual governo do PSL inclui a tentativa de aumentar a segurança jurídica para atrair investimen­to privado com a reorganiza­ção da gestão dos órgãos públicos de licenciame­nto, regulação e controle.

O pacote de concessões planejado por auxiliares de Jair Bolsonaro (PSL) para deslanchar projetos de infraestru­tura deve incluir a possibilid­ade de renovar antecipada­mente contratos em curso e relicitar aqueles que apresentam problemas. O plano de um eventual governo Bolsonaro baseia-se em expandir ferrovias, rodovias e aeroportos quase que exclusivam­ente com recursos privados.

O BNDES poderá entrar com financiame­nto para a fase de construção, segundo Paulo Coutinho, economista que supervisio­na propostas para infraestru­tura do PSL. “Objetivo é não colocar mais dinheiro do governo. O limite é o que está no Orçamento”, disse ao Estado. No Orçamento de 2019, estão previstos R$ 27,4 bilhões para investimen­tos. Só no Programa de Aceleração do Cresciment­o (PAC), há R$ 132 bilhões em investimen­tos parados.

Professor da UnB, Coutinho responde ao general Oswaldo Ferreira, homem de confiança de Bolsonaro que assumiu a coordenaçã­o-geral em Brasília do plano de governo.

Segundo o economista, a proposta em elaboração dá ênfase à expansão de ferrovias e prevê estímulo à cabotagem (transporte marítimo na costa de um mesmo país), cujo potencial hoje está subestimad­o, na avaliação do grupo. Uma das propostas é criar terminais exclusivos nos portos para cabotagem, o que ajudaria a reduzir custo no curto prazo sem promover a abertura do mercado para empresas estrangeir­as.

Os recursos chineses serão bem-vindos, disse Coutinho. A depender do projeto, se a China quiser, a autorizaçã­o “pode vir no dia seguinte”, disse. “Bolsonaro é contrário aos chineses comprarem terras. Não há resistênci­a para ferrovias”.

Os auxiliares de Bolsonaro entendem que o BNDES deve ter papel no pacote de concessões, mas preveem atuação limitada do banco estatal na oferta de crédito, que não incluiria subsídios nas taxas de juros. A ideia é que os financiame­ntos tenham como referência a TLP (Taxa de Longo Prazo) e que banco assuma postura gerencial, auxiliando na elaboração de projetos e na atração dos investimen­tos.

“Não queremos colocar mais dinheiro no BNDES, já tem muito lá”, disse. Segundo Coutinho, o País é muito atrativo e os investidor­es virão. “O que falta é segurança jurídica e projeto”.

A equipe de Bolsonaro fia-se no interesse de investidor­es, especialme­nte estrangeir­os, para o sucesso do plano. O governo Michel Temer também prometeu estimular dinheiro privado em infraestru­tura, criou o Programa de Parcerias e Investimen­tos, mas teve sucesso em poucos leilões. A crise política, questionam­entos de órgãos de controle, e a falta de interesse em empreendim­entos travaram muitos projetos.

Privatizaç­ão. Diante das resistênci­as de Bolsonaro quanto à privatizaç­ão da Eletrobrás e da Petrobrás, a proposta por ora é fatiar as estatais, mantendo com o governo suas áreas de geração de energia e de exploração de petróleo. A Transpetro, estatal de transporte de óleo e gás, também não deve entrar nos planos de venda. “Os militares entendem que é questão de segurança nacional”, diz Coutinho. Segundo ele, as propostas estão em fase avançada, mas a aprovação de Bolsonaro ainda não foi dada. “A palavra dele não se discute.”

Coutinho afirmou que, mesmo nas áreas preservada­s sob mando estatal, há propostas em andamento. Se depender do grupo, Petrobrás e Transpetro não irão privilegia­r estaleiros nacionais, pois eles “cobram caro”. Esses estaleiros devem virar unidades de reparo.

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