O Estado de S. Paulo

Seleção brasileira vence Argentina e ganha taça

Nos acréscimos, zagueiro garante vitória contra a Argentina e, aos 34 anos, diz que o seu ciclo na seleção está longe do fim

- JEDDAH, Arábia Saudita

Miranda teve excelente desempenho na Copa da Rússia. Depois da participaç­ão brasileira, no entanto, foi praticamen­te unânime a opinião de que Tite teria de encontrar um substituto para ele visando o próximo Mundial. A justificat­iva é que, hoje com 34 anos, o zagueiro não terá fôlego para chegar ao torneio do Catar, em 2022. O jogador quer provar que os que assim pensam estão errados. Por isso, fez do triunfo da seleção sobre a Argentina por 1 a 0 ontem, em Jeddah, com um gol seu, uma vitória particular.

“Tenho muito a mostrar na seleção ainda’’, disse Miranda, em tom de desabafo. “Esse gol foi para todos que sempre acreditara­m em mim, minha família, companheir­os... Fazer gol é sempre gratifican­te.’’

O gol de Miranda valeu taça. Com ele, o Brasil ganhou um troféu dado pelos árabes por ter vencido a Argentina ontem e os donos da casa na semana passada. Para Tite, represento­u a quarta vitória em quatro amistosos depois da Copa do Mundo, e a primeira sobre um rival de peso – embora a Argentina estivesse desfalcada de seu astro, Lionel Messi, que pediu para “dar um tempo’’ na seleção.

Apesar da tradição, a partida foi de baixo nível técnico. Jogadores de ambas as equipes sentiram-se incomodado­s com o calor e a umidade da cidade saudita e o jogo foi até modorrento em alguns momentos. A segunda etapa foi mais movimentad­a, mas as jogadas de gol foram escassas. O clima de clássico tão citado de ambos os lados ficou apenas nas jogadas mais ríspidas e o que se viu em campo foi um futebol muito aquém da história do confronto.

Talvez buscando tornar o time mais ofensivo, Tite inovou ontem. Escalou Roberto Firmino e Gabriel Jesus juntos no ataque. Não deu certo. Jesus mostrou dificuldad­e para buscar jogo pela direita, enquanto Firmino pouco apareceu.

A seleção, então, mais uma vez dependeu exclusivam­ente de Neymar. O astro do Paris Saint-Germain, porém, teve uma atuação irregular. Além disso, na parte final do segundo tempo, em praticamen­te todas as vezes que tentou penetrar driblando os adversário­s, foi parado com falta. Seu lance de maior destaque foi a cobrança de escanteio, já nos acréscimos, que Miranda desviou de cabeça para o gol.

O Brasil venceu, mas não convenceu, como queria Tite. Para Miranda, no entanto, a boa atuação que teve na vitória serviu para mostrar que ainda não pode ser descartado e o gol que marcou serviu para presentear sua esposa. “Hoje (ontem), faz 16 anos que conheci a minha esposa. Fazer gol é muito difícil e esse é para a Jacqueline e os meus filhos Lucas e João Vitor. Amanhã (hoje), estarei com eles para comemorar”, comentou, com a voz embargada.

Além de escalar dois homens de área, outra novidade de Tite foi o meio-campista Arthur. E o jogador do Barcelona se destacou. Voltou a aparecer bem na marcação e na saída de bola e celebrou a boa atuação. “Quanto mais se joga partidas difíceis, decisivas, mais rápido se matura. Foi importante a confiança da comissão e do Tite. Eles me deram segurança”, avaliou. “Todo jogador gosta de grandes jogos. É o clássico máximo, sonhava em jogar desde criança.”

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 ?? LUCAS FIGUEIREDO/CBF ?? Experiênci­a. Miranda festeja o gol que salvou o Brasil, nos acréscimos, diante da Argentina, em Jeddah, na Arábia Saudita
LUCAS FIGUEIREDO/CBF Experiênci­a. Miranda festeja o gol que salvou o Brasil, nos acréscimos, diante da Argentina, em Jeddah, na Arábia Saudita

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