O Estado de S. Paulo

Defesa do presidente afirma que não teve acesso ao relatório

Já advogado do coronel Lima diz estar ‘perplexo’; para Rocha Loures, ‘não há elementos’ para PGR oferecer denúncia

- BRASÍLIA / FABIO SERAPIÃO e RAFAEL MORAES MOURA

O advogado Brian Alves, responsáve­l pela defesa do presidente Michel Temer no inquérito dos Portos, afirmou ontem que não se manifestar­ia sobre o caso porque ainda não teve acesso ao relatório da Polícia Federal. Procurado, o Palácio do Planalto informou que caberia ao advogado tratar do tema.

O inquérito da PF que investigou o suposto benefício de Temer ao grupo Rodrimar já chegou a ser chamado pelo presidente de “ficção policial”. Em junho, a Secretaria de Comunicaçã­o da Presidênci­a divulgou nota para rebater planilhas que constavam na investigaç­ão e tinham sido tornadas públicas. “Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno de Projac, a maior fábrica de ficções do País”, afirmava o texto à época.

Em janeiro deste ano, a defesa de Temer chegou a pedir que o inquérito fosse arquivado, “em face da ausência de qualquer conduta criminosa”.

Naquele mês, o presidente também respondeu a 50 perguntas encaminhad­as pela PF sobre o caso, após autorizaçã­o do ministro Luís Roberto Barroso, relator no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em mais de uma ocasião desde o início das investigaç­ões, o Planalto negou que tenha havido benefício à Rodrimar no Decreto dos Portos, assinado por Temer em maio de 2017, e afirmou que o setor foi consultado antes de a medida ser adotada.

Por meio de nota, os advogados Maurício Leite e Cristiano Benzota, responsáve­is pela defesa do coronel João Baptista Lima Filho, disseram estar “perplexos” com o pedido de prisão feito pela PF. Segundos os advogados, o coronel está “afastado de suas atividades profission­ais e, permanente­mente, em sua residência cuidando da saúde”.

“Sempre foram apresentad­as todas as informaçõe­s solicitada­s pelas autoridade­s, por intermédio de sua defesa, o que torna o pedido de prisão desprovido de fundamento legal”, afirmam os defensores.

‘Sem elementos’. O advogado Cézar Bittencour­t, que defende o ex-deputado e ex-assessor da Presidênci­a Rodrigo Rocha Loures (MDB), afirmou que não teve acesso ao relatório policial e, portanto, “não há como se manifestar globalment­e”. “No entanto, nesse inquérito, Rocha Loures não estava sendo investigad­o pelos crimes de organizaçã­o criminosa e lavagem de dinheiro. Mas, certamente, não há elementos para a PGR (Procurador­ia-Geral da República) oferecer denúncia contra Rocha Loures”, afirmou o advogado.

As defesas dos outros oito indiciados, incluindo a filha de Temer, Maristela, não haviam se manifestad­o até a conclusão desta edição. A filha do presidente prestou depoimento à PF, em maio, e à época negou que o pai tenha ajudado a pagar a reforma de sua casa em 2014. Entre os pontos investigad­os pela PF está a origem do dinheiro da obra.

“Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno do Projac, a maior fábrica de ficções do País.” Michel Temer

PRESIDENTE, EM NOTA DIVULGADA EM JUNHO PARA REBATER PARTE DAS INVESTIGAÇ­ÕES DA POLÍCIA FEDERAL SOBRE O INQUÉRITO DOS PORTOS

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