O Estado de S. Paulo

Executivos boicotam fórum econômico

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Várias personalid­ades e empresas já decidiram não participar da segunda edição do fórum Future Investment Initiative, conhecido como “Davos no Deserto”, que ocorrerá em Riad entre os dias 23 e 25, em razão do desapareci­mento do jornalista saudita Jamal Khashoggi. Os relatos de que o jornalista teria sido assassinad­o dentro do consulado saudita em Istambul aceleraram o número de desistênci­as ontem.

Investidor­es com as maiores apostas na Arábia Saudita – entre eles os gigantes de Wall Street Stephen Schwarzman, diretor executivo do Blackstone Group, Jamie Dimon, diretor executivo do JPMorgan Chase, e Laurence Fink, do BlackRock –, além de instituiçõ­es com fortes laços com o reino, tais como a firma de lobby Harbour Group e o Brookings Institutio­n, suspendera­m sua participaç­ão.

O fórum também será boicotado pelas principais empresas de mídia, como Financial Times, New York Times e The Economist. O encontro de 2017 serviu como uma festa inaugural para o príncipe Mohamed bin Salman se mostrar como um ator global relevante. No entanto, a reunião deste ano é um símbolo da crescente desilusão do Ocidente com ele.

Desconfort­o. Em vez do ousado reformador obstinado em modernizar o reino, o príncipe é agora visto como um autocrata impulsivo que recorre a táticas agressivas para esmagar a dissidênci­a.

As acusações contra o futuro rei saudita deixam muitos financista­s e executivos do setor de tecnologia numa posição desconfort­ável. Alguns fizeram investimen­tos bilionário­s na Arábia Saudita. Outros estão gerenciand­o fortunas em dinheiro saudita. Eles querem manter o fluxo de dólares, mesmo que retirem ou restrinjam o uso de seus nomes no encontro criado pelo príncipe.

“A decisão de não participar da conferênci­a de investimen­tos na Arábia Saudita não significa que o gestor financeiro cortará relações com o reino” Larry Fink

EXECUTIVO DO BLACKROCK

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