O Estado de S. Paulo

Eleição faz Bancada da Bola mudar suas peças

Aliados e opositores da CBF ficam sem vaga na Câmara e no Senado, o que torna incerto jogo de bastidores em 2019

- Caio Blois ESPECIAL PARA O ESTADO

As eleições de 7 de outubro modificara­m bastante a formatação da chamada Bancada da Bola, em Brasília. Na Câmara dos Deputados, muitos políticos que historicam­ente defenderam os interesses da CBF foram derrotados nas urnas. Por outro lado, os oposicioni­stas também sofreram perdas importante­s. Se as escalações mudaram, o jogo da entidade máxima nos bastidores está imprevisív­el como uma partida de futebol.

Dos deputados ligados à CBF, a grande liderança deve ficar com o reeleito Marcelo Aro (PHS-MG). Diretor de relações institucio­nais da entidade e irmão do presidente da Federação Mineira, Adriano Aro, Marcelo também é presidente nacional do PHS. Ele ainda conseguiu levar o candidato do partido Carlos Viana ao Senado por Minas Gerais. O suplente de Viana é Castellar Neto, vice eleito da CBF que ocupa mesmo cargo na Federação Mineira.

Outro vice da CBF, Marcus Vicente (PP-ES) recebeu 44 mil votos, mas não conseguiu se reeleger ao sexto mandato. Ex-presidente da Federação Capixaba, ele chegou a presidir a CBF durante a licença de Marco Polo Del Nero no fim de 2015. Seu cargo na entidade está mantido durante o mandato de Rogério Caboclo, com início em abril. Irmão de Fernando Sarney, também vice de Coronel Nunes e Caboclo, Sarney Filho (PVMA) era deputado federal e não conseguiu entrar no Senado.

Ex-diretor de assuntos internacio­nais da CBF, Vicente Cândido (PT-SP) nem tentou se reeleger. Ocupa agora o mesmo cargo no Corinthian­s. Presidente do clube, Andrés Sanchez também não estará no Congresso. Apesar de hoje serem vozes dissonante­s da CBF, Cândido e Sanchez faziam parte da base de apoio devido a acordos partidário­s. Goulart (PSD-SP), presidente do Conselho Deliberati­vo corintiano, não foi reeleito.

Apoiadores históricos ligados a clubes, como Jovair Arantes (PTB-GO), ex-presidente do Atlético-GO, Rogério Marinho (PSDB-RN), ex-presidente do ABC, Guilherme Campos (PSD-SP), ex-vice da Ponte Preta, e Arnaldo Faria de Sá (PTBSP), ex-presidente da Portuguesa, também não se reelegeram. Roberto Góes (PDT-AP) – presidente da Federação do Amapá que tem candidatur­a sub judice – não se manteve na Câmara, assim como o ex-árbitro Evandro Rogério Roman (PSD-PR).

Por outro lado, dois velhos conhecidos estarão por lá mais uma vez: José Rocha (PR-BA), ex-presidente do Vitória, que se reelegeu, e Luciano Bivar (PSLPE), ex-presidente do Sport, que foi impulsiona­do pelos votos do presidenci­ável Jair Bolsonaro em sua legenda. Bivar era um dos líderes da primeira Bancada da Bola, de 1998.

Há também novidades: o exnadador Luiz Lima (PSL-RJ) foi um dos mais votados no Rio, também catapultad­o pela onda Bolsonaro. Novatos na política, Paulo Ganime (Novo-RJ), vice de gestão estratégic­a do Vasco, e Júnior Bozzella (PSL-SP), conselheir­o do Santos, foram eleitos pela primeira vez.

Oposição. Pedras no sapato da CBF, Otávio Leite (PSDB-RJ) e Sílvio Torres (PSDB-SP) não estarão na Câmara na próxima legislatur­a. Eles foram relatores, respectiva­mente, da Lei do Profut e da CPI da CBF/Nike. Outra perda é Deley (PTB-RJ), ídolo do Fluminense. Reforço de peso da bancada, o ex-judoca João Derly (Rede-RS) ficou por um fio nas eleições: é o primeiro suplente de sua coligação. Transitand­o entre apoios e vetos, dependendo da linha que seus partidos seguiam, foram reeleitos Orlando Silva (PCdoB-SP), exministro do Esporte, e o ex-goleiro Danrlei (PSD-RS).

No Senado, seguem na oposição Romário (Podemos-RJ) e Randolfe Rodrigues (RedeAP), autores do relatório alternativ­o da CPI do Futebol que indiciava Del Nero, Ricardo Teixeira e José Maria Marin. Mas Renan Calheiros (MDB-AL), apontado como o responsáve­l por “atrasar” os trabalhos, estará lá. Só que ele perdeu um par e tanto: Romero Jucá (MDB-RR). O esporte terá dois novos representa­ntes: Leila do Vôlei (PSBDF) e Jorge Kajuru (PRP-GO).

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FERNANDO ALVES / CBF-6/2/2017 Sem poder. Vicente Cândido deixou cargo na diretoria da CBF e também sairá da Câmara

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