Governo paulista quer tombar campos de várzea
Objetivo é proteger o futebol amador; para isso, inicialmente será feito levantamento dos campos ainda existentes
O governo de São Paulo criou um grupo de trabalho com representantes de várias secretarias para proteger o futebol de várzea. A primeira medida é fazer um levantamento dos campos em São Paulo. A partir daí, serão propostas políticas públicas para preservar esses espaços, criando formas de cooperação com os municípios e instituições privadas. Uma das possibilidades é o tombamento dos campos de várzea no estado.
Também apoiam a iniciativa o Museu do Futebol, onde foi realizado o encontro de ontem, e a Federação Paulista de Futebol. Após 180 dias de trabalho, o grupo vai apresentar um relatório. “Vamos fazer um inventário dos campos e propor o tombamento dentro da lei”, afirmou Cacá Camargo, secretário de Esporte, Lazer e Juventude do estado de São Paulo.
Segundo a Liga Paulistana de Futebol Amador, somente na capital de São Paulo existem aproximadamente 400 campos e 1.440 times registrados na entidade. “Um dos principais problemas do futebol várzea é a expansão imobiliária. Precisamos criar espaços para que ele seja preservado”, afirmou Artur Verder, presidente da Liga Paulista de Futebol Amador.
Uma das áreas mais importantes do futebol amador na cidade é o Campo de Marte, na porção norte. São seis campos utilizados semanalmente por cerca de cinco mil pessoas, entre jogadores e torcedores. A bola corre em chão de terra batida, algumas redes dos gols precisam de remendos urgentes. Após uma longa disputa judicial com o Ministério da Defesa pela posse do terreno, os defensores dos campos de várzea da região conseguiram um acordo para que a área fosse administrada pelo município. Ali serão construídos um parque público, o Museu da Aeronáutica e um Centro Desportivo Comunitário.
A várzea foi responsável por revelar grandes craques do futebol brasileiro, como Zé Roberto, Cesar Sampaio, Serginho Chulapa e Ricardo Oliveira, mas perdeu espaço para as escolinhas de futebol e clubes privados nas últimas décadas.