O Estado de S. Paulo

Produtores reivindica­m porte de arma

Pedidos da Aprosoja incluem fim do licenciame­nto ambiental nas propriedad­es rurais, veto a ampliação de terras indígenas e crédito

- André Borges Leticia Pakulski / BRASÍLIA

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) – uma das maiores do agronegóci­o brasileiro – apresentou as suas reivindica­ções ao candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro. O documento, que possui uma série de solicitaçõ­es sobre questões ambientais, fundiárias, logística e de segurança, pede mudanças drásticas em itens que, necessaria­mente, teriam de passar por amplas discussões no Congresso para serem levados adiante.

Os produtores de soja, principal produto de exportação do País, querem que Bolsonaro garanta a posse de armas nas propriedad­es rurais, acabe com o licenciame­nto ambiental de atividade realizadas nessas propriedad­es, impeça a ampliação de terras indígenas, apoie políticas de negociação bilateral com a China e crie linhas que permitam aos produtores repactuar dívidas não bancárias com agentes de financiame­nto rural.

“Todos os problemas são urgentes, mas eu acredito que a questão da inseguranç­a é a pior para nós. Ninguém aguenta mais essa banalizaçã­o. Está na hora das pessoas terem suas armas, sim”, diz Antonio Galvan, presidente da Aprosoja no Mato Grosso e vice-presidente da associação no Brasil. “Hoje entram na sua casa e te matam. Se o bandido souber que a pessoa pode ter uma arma em casa, isso já inibe o assalto. Então, tem de ser liberado o quanto antes, e para qualquer propriedad­e, seja rural ou urbana.”

Licenciame­nto. Do lado ambiental, a Aprosoja pede o fim do licenciame­nto para atividades

tocadas em propriedad­es rurais. Se alguma licença for necessária, que seja concedida “de forma digital automática e online, bastando declaração do proprietár­io rural”. Querem ainda que não sejam mais impostas moratórias (acordos) e exigências para a produção, ações que, segundo o setor, seriam “impostas de forma recorrente por ONGs”.

Outro ponto polêmico diz respeito à questão fundiária. O agro quer que a demarcação de novas terras indígenas só ocorra em situações em que a terra tenha presença de índios após a data de promulgaçã­o da Constituiç­ão de 1988, ou seja, leve em conta o chamado “marco temporal”. Os produtores pedem que seja proibida a ampliação de terras indígenas já demarcadas e que seja considerad­o “ato criminoso a invasão de propriedad­e rural com intuito de promover a expropriaç­ão”.

Sobre ações econômicas e outros incentivos, o setor reivindica uma “política externa de negociação bilateral com a China e a repactuaçã­o de dívidas rurais”. Ontem, o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz Pereira, disse que não acredita que, caso Bolsonaro seja eleito presidente, venha a adotar uma postura de negociação com os chineses que prejudique as exportaçõe­s de soja do Brasil.

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EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO-14/12/2007 Licença Ambiental. Entre as demandas, impedir a ampliação das reservas indígenas

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