O Estado de S. Paulo

Estreia da brasileira Stone na Nasdaq pode movimentar até US$ 1,1 bilhão

Oferta. Na esteira da rival PagSeguro, empresa de ‘maquininha­s’ definiu ontem a faixa de preços para sua abertura de capital nos EUA; entre os interessad­os em ficar com parte das ações oferecidas, está o fundo Berkshire Hathaway, do megainvest­idor Warren

- Fernanda Guimarães / COLABORARA­M CÁTIA LUZ E FELIPE LAURENCE (ESPECIAL PARA ESTADO)

A brasileira Stone, de meios de pagamento, definiu ontem os termos de sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em Nova York. A estreia da empresa de “maquininha­s” na Nasdaq deve movimentar até US$ 1,1 bilhão, caso a ação saia no maior valor previsto, segundo prospecto da empresa arquivado na SEC, a Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM) dos Estados Unidos. A faixa indicativa de preço do papel ficou entre US$ 21 e US$ 23. A empresa segue os passos da rival PagSeguro, que em janeiro captou US$ 2,7 bilhões no maior IPO de uma empresa brasileira no mercado americano.

A operação já tem entre os interessad­os um peso pesado dos investimen­tos, o fundo Berkshire Hathaway, do megainvest­idor Warren Buffett, que pode ficar com quase 14 milhões das ações ofertadas. Segundo o documento, a brasileira vai vender 40.909.091 ações ordinárias, que poderão ser acrescidas em 6.818.182 ações. Além de Buffett, outros nomes como T. Rowe Price Associates e Madrone Opportunit­y já tornaram pública a vontade ficar com parte dos papéis oferecidos.

Com o interesse desses grupos, que funcionam como investidor­es âncoras, a percepção é de que a empresa não terá dificuldad­e em concluir a oferta, que ocorre em meio às eleições presidenci­ais no Brasil. A ação deve ser precificad­a logo após o segundo turno das eleições. A Stone reportou um lucro líquido nos seis primeiros meses do ano de R$ 88 milhões, ante um prejuízo de R$ 76 milhões no mesmo período do ano anterior.

Trajetória. Fundada em 2012 e controlada pelos fundadores André Street (leia ao lado )e Eduardo Pontes, a empresa tem entre seus acionistas minoritári­os a britânica Actis LLP e a brasileira Gávea Investimen­tos. Estão ainda na lista de sócios o fundo Tiger Global Investors, a Madrone Partners, empresa de investimen­tos que gerencia parte da fortuna da família Walton – principal proprietár­ia do gigante de varejo Walmart,

e três dos fundadores do 3G Capital: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

A participaç­ão da empresa no mercado alcançou fatia de 5,4% no primeiro trimestre de 2018, segundo levantamen­to da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS).

Segundo Edson Santos, especialis­ta na área de meios de pagamentos, ao contrário da PagSeguro, que tem foco nos pequenos comerciant­es, a Stone prioriza o empreended­or de porte médio, público que disputa com credenciad­oras tradiciona­is, como Cielo e Rede.

Além de meios de pagamento, a Stone oferece pacotes de outros serviços, como softwares de gestão, para atrair o lojista que não teria recursos para contratar os serviços de forma individual­izada. “Isso faz com que a Stone suba a cadeia de valor daquele lojista, ao atender outras necessidad­es dele, o que cria uma fidelizaçã­o”, completou o especialis­ta.

Eleições. No prospecto enviado ao regulador americano, a Stone destaca, entre os riscos relacionad­os ao País, as eleições, diante da atual incerteza econômica do País, que pode, segundo a companhia, “machucar a empresa e o preço da ação”.

“Em relação à eleição geral neste ano no Brasil, que inclui a presidenci­al, alguns candidatos propuseram a imposição de taxação nos dividendos em sua agenda”, frisa a Stone, destacando, que, dessa forma, se essa medida for aprovada poderá haver um aumento da tributação. “Não podemos garantir que o novo governo federal não mudará as atuais políticas em relação à economia brasileira e que tais mudanças não afetarão nossos negócios”, destaca.

A oferta da Stone está sendo estruturad­a pelo Goldman Sachs, JPMorgan, Citigroup, Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, BofA Merrill Lynch e BTG Pactual.

Além da PagSeguro, que passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York no início do ano, há poucas semanas, a Arco Educação, dona da plataforma SAS Sistema de Ensino e da Internatio­nal School, sistema de ensino bilíngue, também estreou Nasdaq.

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EMPRESA STONE Investidor­es. A empresa já tem acionistas minoritári­os de peso, como Gávea e a Actis

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