Assim nasce um F1
O projeto de um novo carro de Fórmula 1 começa 18 meses antes do início da temporada que ele irá disputar. Após seis meses de desenvolvimento em computador e testes virtuais, os primeiros componentes estão prontos para serem produzidos em impressoras 3D.
A próxima fase é testá-los em máquinas semelhantes às encontradas em laboratórios de análises clínicas. Ali, são feitos testes de raio X e tomografias, capazes de detectar qualquer falha interna. Oito meses antes de ir para a pista, começam os testes em túnel de vento. Para isso, a Renault produz o carro já nas formas finais, mas em escala de 60%.
Nessa etapa, para conter custos, os testes aerodinâmicos em túnel de vento são limitados (e acompanhados remotamente) pela FIA. Outra peculiaridade é que, além do vento frontal, esse túnel de vento tem piso que “corre” sob o carro, para simular o efeito aerodinâmico imposto ao modelo em altas velocidades.
TESTES REAIS
A próxima etapa é fazer o carro com as proporções reais, e partir para as simulações em pistas, mas ainda sem sair da fábrica. Para isso, o protótipo é colocado sobre uma plataforma com sete atuadores hidráulicos capazes de subir e descer simulando as imperfeições do piso dos circuitos ao redor do mundo. Dessa forma, é possível replicar em Enstone os esforços a que o carro será submetido, seja em uma corrida em ruas, como Mônaco, ou pistas como Interlagos.
Assim como nas pistas, todo o processo de produção corre contra o tempo, já que o primeiro carro deve estar pronto logo após o Natal. Esse prazo é suficiente para participar dos testes de pré-temporada.
Em janeiro, tudo é enviado de navio, a tempo de começar uma nova temporada, na Austrália, em março. E quando for dada a largada, um time de especialistas de diversas áreas, como aerodinâmica, desempenho e estrategistas de corrida, vai estar na sala de controle, em Enstone, avaliando cada detalhe do comportamento dos dois carros na pista, e em linha direta com a equipe de box.
Enstone pode não ser mais um local de extração de pedras, como no passado. Mas ainda é uma pedreira. H.P.