Fernando Henrique recebe prêmio em SP
Ex-presidente é o 22º homenageado com o Troféu Guerreiro da Educação; ele se mostrou comovido e destacou ação da ex-mulher
Depois de receber o Prêmio Professor Emérito 2018 - Ruy Mesquita, Fernando Henrique Cardoso afirmou que a porta de diálogo com Fernando Haddad (PT) está “enferrujada”.
O professor, sociólogo e expresidente da República Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), de 87 anos, recebeu ontem o Prêmio Professor Emérito 2018-Ruy Mesquita, uma parceria entre o Centro Integração Empresa-Escola (CIEE) e o Estado. Criado para marcar o Dia do Professor, o prêmio é concedido anualmente desde 1997 a quem contribui com a educação brasileira e o País, criando e compartilhando conhecimento.
Fernando Henrique Cardoso é o 22.° homenageado. A primeira personalidade premiada foi sua ex-mulher, a socióloga e professora Ruth Cardoso. No ano passado, a premiação foi dada ao professor e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2003-2006) Roberto Rodrigues.
FHC é sociólogo, cientista político, professor universitário e escritor. Graduou-se em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), onde atuou como professor titular entre 1950 e 1980, recebendo posteriormente o título de docente emérito. Ensinou em universidades na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Recebeu ao todo 29 títulos de doutor honoris causa. Quando presidente, criou os programas Toda Criança na Escola e Bolsa Escola. Integra a Academia Brasileira de Letras e é autor de mais de 20 livros.
No discurso, o ex-presidente agradeceu o prêmio e disse se sentir “tocado” por receber uma homenagem que leva o nome de Ruy Mesquita, de quem foi colega na universidade. “Esse prêmio é um reconhecimento. Estou muito emocionado”, afirmou. O ex-presidente fez um passeio na memória ao recordar os quase 70 anos de vida profissional na docência. Falou das primeiras aulas que deu em História e Economia, aos 19 anos, na USP. Lembrou também dos tempos de educador na Universidade de Paris-Nanterre e na Universidade do Chile, nos anos 1960, e na Universidade Stanford, na década de 1970.
O sociólogo disse que a sua maior motivação sempre foi ser professor. “Eu me sinto gratificado quando estou com gente jovem e consigo trocar experiências”, declarou. “Para ser professor, é fundamental despertar paixão no aluno pela curiosidade e pelo saber”, disse.
FHC ainda exaltou a ex-mulher e socióloga Ruth Cardoso, afirmando que ela se dedicava ao aluno e tinha “um cuidado quase natural”, “uma paciência” para o ensino. Ruth foi mencionada também por Antonio Jacinto, presidente do Conselho de Administração do CIEE. Quando a antropóloga e professora foi homenageada, o tema da premiação foi os Desafios da Educação do Século 21. “Ruth criou o Conselho da Comunidade Solidária, programa que deu grande impulso na redução do analfabetismo”, destacou. Segundo Jacinto, ela e FHC são professores que “fazem parte da boa história do Brasil”.
Jacinto atribuiu ao Prêmio Professor Emérito a classificação de “Oscar da Educação brasileira”. Ele destacou também um dos vencedores, o sociólogo, educador e crítico Antonio Candido de Mello, que este ano completaria 100 anos. “Foi um verdadeiro intelectual.”
Diálogo. O diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, destacou a trajetória acadêmica, profissional e política de FHC, afirmando que o ex-presidente “sempre buscou o diálogo”. “A sociedade brasileira precisa de mais mestres como ele.”
Vencedor do Prêmio Professor Emérito em 2015, o professor, jurista e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Celso Lafer fez um discurso em homenagem ao premiado deste ano.
Ele elogiou as contribuições de Ruth e FHC para a educação brasileira e destacou que o expresidente continuou contribuindo para o País mesmo após 2002, quando terminou o segundo mandato e voltou para a vida acadêmica e para a produção de análises sociológicas e políticas nas páginas de opinião. “Fernando Henrique Cardoso se reinventou na pós-Presidência como observador engajado da cena nacional e internacional.”