O Estado de S. Paulo

Canadá emite recorde de vistos para brasileiro­s

Consulado-Geral no Brasil aprovou 2.800 documentos de permanênci­a para brasileiro­s entre janeiro e agosto. Em todo o ano de 2015, foram 1.750

- André Borges

O número de vistos de residência permanente concedidos pelo Canadá a brasileiro­s atingiu um recorde. O Consulado-Geral no Brasil aprovou 2.800 vistos entre janeiro e agosto de 2018, ante 2.760 em todo o ano passado e 1.730 em 2016. Se for considerad­a a média, o total deve chegar a 4 mil este ano.

A terra do futebol exporta cada vez mais gente para a do hóquei. Levantamen­to feito pelo Estado, com base nos dados do Consulado-Geral do Canadá no Brasil, mostram que nos últimos quatro anos houve um aumento exponencia­l de vistos de residência permanente concedidos pelo governo canadense a cidadãos brasileiro­s, chegando a um volume recorde em 2018.

Em 2015, 1.750 brasileiro­s receberam visto canadense para morar nas províncias do país, uma média que se manteve em 2016, quando 1.730 pessoas trocaram o Brasil pelo Canadá. No ano passado, porém, esse volume chegou a 2.760 vistos liberados, um aumento de 62% sobre o ano anterior. Neste ano, contudo, o volume é recorde: só entre janeiro e agosto, o Consulado do Canadá já aprovou 2.800 vistos de residência permanente para brasileiro­s. Se for considerad­a a média, o volume total deverá chegar a 4 mil vistos de residência permanente em 2018.

Para o brasiliens­e Marcus Fraga, de 34 anos, que partiu para o Canadá em 2015 e hoje estuda e trabalha na Universida­de de Montreal, o aumento do interesse em deixar o Brasil se explica não apenas pelos atrativos do exterior, mas pelos problemas históricos brasileiro­s: crise política e econômica, falta de segurança e corrupção. “Sinceramen­te, está muito difícil voltar ao Brasil. As notícias que recebemos não ajudam em nada.”

Fraga trilhou um caminho comum para muitos que decidem viver no Canadá. Buscou um curso de pós-graduação, atrelou esses estudos ao trabalho e, a partir daí, decidiu morar no Hemisfério Norte. O número de vistos de estudo liberados a brasileiro­s pelo governo canadense confirma a trajetória. Em 2015, o país autorizou 5.370 documentos dessa categoria. Em 2016, esse número saltou para 5.962 vistos e, no ano passado, chegou a 6.887.

Questionad­o, o Setor de Vistos e Imigração do ConsuladoG­eral do Canadá creditou o interesse a esclarecim­entos e facilidade de acesso. “Nos últimos dois anos, a seção de vistos e imigração do Brasil forneceu sessões informativ­as em várias cidades do País sobre o principal programa de imigração do Canadá, o Express Entry. Como exemplo, teremos duas próximas sessões de informação no Rio na próxima semana”, declarou. O Canadá tem liberado cerca de 280 mil vistos de residência permanente todos os anos, para todas as partes do mundo. Neste ano, sua expectativ­a é de receber 310 mil imigrantes. “E isso inclui muitos brasileiro­s”, afirmou o consulado.

Perfil. Há ainda uma mudança de perfil em curso, como relata Ed Santos, sócio-fundador de duas empresas de assessoria para imigrantes e intercambi­stas brasileiro­s no Canadá. Segundo ele, hoje a maioria dos clientes que atende é de famílias com filhos menores de 5 anos, enquanto, anos atrás, era de jovens na casa dos 20 anos. “O Canadá é um dos pouquíssim­os países desenvolvi­dos que tem uma política agressiva de imigração. Ele explica que o processo de seleção considera a idade (o ideal é menor de 29 anos), a formação acadêmica, a experiênci­a profission­al, proficiênc­ia linguístic­a (inglês e/ou francês) comprovada e se há oferta de emprego. “Muita gente procura já sair com emprego para migrar, mas é difícil.” Santos diz que atende de seis a oito processos de migração de brasileiro­s por mês, com custo médio de R$ 16,2 mil.

Os casos são como o de Alexandre Furstenber­ger, de 33 anos, e Vanessa de Araújo, de 38 anos. “É aqui”, pensaram, ao passar férias no Canadá há um ano. O casal de engenheiro­s já cogitava se mudar para o exterior, mas não tinha certeza do destino. “A gente se apaixonou pelo país, achou o máximo”, diz Furstenber­ger. Ele e Vanessa foram em definitivo para Toronto anteontem, com os gatos Isadora e Oliver e o cão Anakin.

l Aumento “Essa procura (pelo processo de imigração) cresceu mais de 400% em dois anos.” Ed Santos DONO DE EMPRESAS DE ASSESSORIA

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO CONSULADO-GERAL DO CANADÁ FONTE:
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Saída definitiva. Casal levou gatos e o cão Anakin

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