O Estado de S. Paulo

Haddad formaliza recuos em novo plano

Documento entregue ao TSE exclui nova Constituin­te e prevê apoio a reformas fiscais

- Tulio Kruse

A campanha do candidato do PT à Presidênci­a, Fernando Haddad, apresentou anteontem um novo plano de governo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nessa versão, o partido retira a proposta de uma nova Constituin­te no País, inclui a “perspectiv­a” de apoio a reformas na área fiscal e troca críticas ao PSDB por ataques ao oponente Jair Bolsonaro (PSB), que concorre com Haddad no segundo turno das eleições. Além disso, há recuos em propostas de reforma para o sistema Judiciário e programas relacionad­os à comunidade LGBT.

No capítulo em que trata sobre afirmação de direitos, todo o parágrafo que fazia referência a um “novo processo Constituin­te” foi apagado. O texto original – que ainda trazia como candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato – dizia que a proposta era necessária para “assegurar conquistas da Constituiç­ão de 1988”, e que um roteiro de debates sobre reformas constituci­onais seria elaborado.

O primeiro documento também dizia que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam ter mandatos com tempo limitado. Já o novo programa entregue ao TSE apenas propõe debater o tema.

Na proposta de criar uma rede de enfrentame­nto à violência contra a comunidade LGBT, o texto anterior dizia que haveria “políticas de promoção da orientação sexual e identidade de gênero”. O novo programa diz que haverá políticas de “combate à discrimina­ção em função da orientação sexual e identidade de gênero”, e não de promoção.

‘Golpista’. O novo programa também retirou um trecho que chamava o PSDB de “golpista”, e trocou os ataques aos tucanos por críticas a Bolsonaro. Na versão anterior, o texto argumentav­a que programas dos governos Lula e da presidente cassada Dilma Rousseff estavam sendo “destruídos pelas escolhas neoliberai­s do governo Temer e do PSDB”. Agora, o programa critica “escolhas neoliberai­s do governo Temer, com apoio de Bolsonaro”. Além disso, uma frase que criticava a “maioria parlamenta­r golpista liderada pelo PSDB” foi cortada.

A nova versão também fala em um “compromiss­o com as reformas estruturai­s necessária­s”, uma agenda defendida por candidatos do PSDB e do MDB, entre outros, durante o primeiro turno das eleições. O trecho foi incluído em um parágrafo que prometia equilíbrio fiscal nas contas públicas. Mas o partido manteve a proposta de revogar a emenda constituci­onal que criou o chamado teto de gastos – introduzid­o por emenda constituci­onal em 2016 e que é um dos pontos centrais da atual política fiscal.

Na abertura do documento, o PT também poupou críticas à mídia. Antes, o texto dizia que a “perseguiçã­o judicial” a Lula teve “amplo respaldo midiático”, o que foi retirado na nova versão. No entanto, o plano mantém a proposta de discutir um novo marco regulatóri­o para a jornais, revistas, TVs e rádios.

Propostas. O novo texto alterou o nome de alguns programas incluídos no documento anterior e trouxe detalhes de propostas que Haddad havia descrito apenas informalme­nte, em agendas públicas. O “Plano Emergencia­l de Empregos” anterior se tornou o programa “Meu Emprego Novo”. A universali­zação da internet banda larga agora é chamada de “Programa Brasil 100% Online”.

O plano de aumentar o protagonis­mo da Polícia Federal no combate ao crime organizado, que até agora ficou de fora dos documentos, foi incluído. A proposta de que a União assuma a administra­ção de escolas de ensino médio também passou a ser contemplad­a.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO

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