O Estado de S. Paulo

Condenado na Lava Jato, André Vargas é solto

Ex-vice-presidente da Câmara estava preso desde abril de 2015 e foi o primeiro político sentenciad­o na operação

- Katna Baran / CURITIBA

O ex-deputado e ex-petista André Vargas, o primeiro político condenado na Lava Jato, deixou a prisão ontem. Vargas foi detido na 11.ª fase da operação, em abril de 2015. Na época, investigaç­ões apontavam irregulari­dades em contratos de publicidad­e da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde.

Vargas estava preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, localizado na região metropolit­ana da capital paranaense.

A juíza Luciani de Lourdes Tesseroli Maronezi, da 2.ª Vara de Execuções Penais de Curitiba, considerou que ele já tem direito à progressão de regime e liberdade condiciona­l. Ainda de acordo com a juíza, Vargas apresentou “comportame­nto satisfatór­io” na prisão, sem registro de faltas graves, e tem uma “proposta de trabalho lícito fora da cadeia”.

Na decisão, consta ainda que o ex-deputado efetivou o pagamento de duas parcelas de R$ 15,3 mil cada uma do valor total de R$ 1.103.950,12 imposto a ele a título de indenizaçã­o por danos decorrente­s dos crimes. A juíza ressaltou, porém, que, se houver atraso no pagamento das demais 70 parcelas, o benefício de liberdade de Vargas pode ser revogado.

A magistrada também determinou que Vargas se apresente a cada dois meses no Juízo da Comarca em que vai residir e que não se ausente da cidade por mais de 15 dias sem prévia autorizaçã­o judicial. Ele ainda deve se recolher em casa a partir das 23h, arrumar um trabalho formal ou frequentar curso de ensino formal ou profission­alizante.

Sentenças. Vargas ocupou cargos importante­s no PT e foi vice-presidente da Câmara. Ele se desfiliou da sigla e, em 2014, teve o mandato cassado após denúncia de envolvimen­to dele com o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da Lava Jato. Em setembro de 2015, o político foi condenado a 14 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro desviado de contratos de publicidad­e da Caixa. Vargas foi ainda sentenciad­o em outros dois processos da Lava Jato, ambos por lavagem de dinheiro, em 2017 e 2018, mas ainda recorre.

Em nota, a defesa de Vargas disse considerar a decisão da juíza pela soltura do ex-deputado “acertada”, já que, segundo os advogados, ele cumpriu “todos os requisitos legais” e apresentou “inúmeras demandas judiciais opostas em face das lacunas do sistema de execução penal”. “Foi uma decisão justa e uma vitória”, declararam os advogados Nicole Trauczynsk­i, Juliano Breda e Elisa Blasi, que representa­m o ex-vice-presidente da Câmara.

A advogada Nicole Trauczynsk­i informou que Vargas deixou a prisão no fim da tarde de ontem e seguiu para Londrina, sua cidade de origem, no norte do Estado.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–3/2/2014 2014. Vargas quando era deputado

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