O Estado de S. Paulo

Trump usa imigração como tema eleitoral

- É JORNALISTA James Hohmann / W.POST

Na quinta-feira, Donald Trump mostrou que a imigração é prioridade, principalm­ente para manter a base republican­a entusiasma­da para as eleições legislativ­as, em duas semanas. Trump ameaçou suspender o Nafta se o México não interrompe­r a caravana de imigrantes. Ele sugeriu cortar ajuda a países da América Central e fechar a fronteira sul, o que afetaria a economia.

Trump é como uma antiga banda de rock, com dificuldad­e para emplacar novos sucessos porque os fãs querem ouvir os clássicos que amam. Nesse caso, a música é “Construa o Muro”. Seus assessores o aconselhar­am a focar na economia e na confirmaçã­o do juiz conservado­r Brett Kavanaugh para a Suprema Corte. Mas Trump segue seus instintos e acredita que o endurecime­nto da posição contra os imigrantes deixará seus eleitores entusiasma­dos para votar em republican­os nas eleições de novembro.

Em comício realizado no Estado de Montana, na quinta-feira, ele dedicou boa parte do discurso aos imigrantes, tema que manterá a base do partido unida. Os republican­os devem ampliar sua maioria no Senado justamente porque os Estados em disputa são predominan­temente brancos e rurais, locais onde estas posições anti-imigração mais ressoam.

O súbito aumento da entrada de imigrantes ilegais este ano irritou Trump, que exige políticas mais extremas para deter o fluxo. Os nervos estão à flor da pele na Casa Branca, com o conselheir­o de Segurança Nacional, John Bolton, e o chefe de gabinete, John Kelly, discutindo aos berros no Salão Oval, na quinta-feira, segundo assessores. Bolton acusou a secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, de não fazer nada para conter a entrada de ilegais e Kelly saiu em sua defesa.

Ontem, Trump espalhou uma teoria da conspiraçã­o de que os democratas estão financiand­o a caravana que saiu de Honduras. No comício, o presidente disse que o plano dos democratas é deixar imigrantes entrem para que possam votar em seus candidatos – esquecendo­se de que apenas cidadãos legais votam.

A questão não vai desaparece­r tão cedo. Em Montana, Trump garantiu que continuará falando sobre a caravana até o dia da eleição, em 6 de novembro. Resumindo seu argumento em uma frase, ele disse à multidão: “Os temas desta eleição serão Kavanaugh, a caravana, a lei e o senso comum.”

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