Trump usa imigração como tema eleitoral
Na quinta-feira, Donald Trump mostrou que a imigração é prioridade, principalmente para manter a base republicana entusiasmada para as eleições legislativas, em duas semanas. Trump ameaçou suspender o Nafta se o México não interromper a caravana de imigrantes. Ele sugeriu cortar ajuda a países da América Central e fechar a fronteira sul, o que afetaria a economia.
Trump é como uma antiga banda de rock, com dificuldade para emplacar novos sucessos porque os fãs querem ouvir os clássicos que amam. Nesse caso, a música é “Construa o Muro”. Seus assessores o aconselharam a focar na economia e na confirmação do juiz conservador Brett Kavanaugh para a Suprema Corte. Mas Trump segue seus instintos e acredita que o endurecimento da posição contra os imigrantes deixará seus eleitores entusiasmados para votar em republicanos nas eleições de novembro.
Em comício realizado no Estado de Montana, na quinta-feira, ele dedicou boa parte do discurso aos imigrantes, tema que manterá a base do partido unida. Os republicanos devem ampliar sua maioria no Senado justamente porque os Estados em disputa são predominantemente brancos e rurais, locais onde estas posições anti-imigração mais ressoam.
O súbito aumento da entrada de imigrantes ilegais este ano irritou Trump, que exige políticas mais extremas para deter o fluxo. Os nervos estão à flor da pele na Casa Branca, com o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, e o chefe de gabinete, John Kelly, discutindo aos berros no Salão Oval, na quinta-feira, segundo assessores. Bolton acusou a secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, de não fazer nada para conter a entrada de ilegais e Kelly saiu em sua defesa.
Ontem, Trump espalhou uma teoria da conspiração de que os democratas estão financiando a caravana que saiu de Honduras. No comício, o presidente disse que o plano dos democratas é deixar imigrantes entrem para que possam votar em seus candidatos – esquecendose de que apenas cidadãos legais votam.
A questão não vai desaparecer tão cedo. Em Montana, Trump garantiu que continuará falando sobre a caravana até o dia da eleição, em 6 de novembro. Resumindo seu argumento em uma frase, ele disse à multidão: “Os temas desta eleição serão Kavanaugh, a caravana, a lei e o senso comum.”