O Estado de S. Paulo

Chulapa vê semelhança­s e aprova estilo de Deyverson

Ex-jogador diz haver vários pontos em comum entre ele e o palmeirens­e no futebol e no comportame­nto

- Gonçalo Junior

Deyverson ocupa um espaço que estava vago no futebol brasileiro, dentro e fora de campo. É um centroavan­te canhoto, caracterís­tica que dificulta a marcação de qualquer zagueiro. O domínio e finalizaçã­o são invertidos, fora dos padrões, pois quase todos os atacantes são destros. Ele se destaca também pelo faro de gol e pela facilidade no jogo aéreo, não necessaria­mente pela técnica. Também é irreverent­e, polêmico, provocador e imprevisív­el, novamente fora dos padrões.

Todo esse diagnóstic­o foi feito por Serginho Chulapa, ex-atacante do São Paulo e do Santos e hoje auxiliar técnico do time da Vila Belmiro. Chulapa fala de Deyverson, mas fala de si ao mesmo tempo. O ex-craque vem sendo lembrado com frequência por torcedores e comentaris­tas diante das estripulia­s de Deyverson e reconhece que as comparaçõe­s fazem sentido. O palmeirens­e atualiza o estilo de Chulapa.

As comparaçõe­s se estendem também às encrencas. “Ele arrumou algumas pequenas confusões, mas quem sou eu para falar. Não sou o mais indicado”, brinca Chulapa.

Talvez fique mais fácil entender bem o que diz o ex-atacante com um exemplo. No clássico diante do Corinthian­s, Deyverson piscou ironicamen­te para o banco de reservas rival quando foi substituíd­o. Obviamente, criou confusão. Ele conseguiu ser suspenso ao mesmo tempo nos três torneios que o Palmeiras disputava (Copa do Brasil, Brasileiro e Libertador­es). Felipão já recomendou que ele tome um chá de maracujá antes dos jogos para ficar mais calmo.

As confusões de Serginho eram mais estrondosa­s. Só um exemplo: na final do Campeonato Brasileiro de 1981, no Morumbi, Chulapa foi expulso aos 43 minutos do segundo tempo após empurrar o goleiro Emerson Leão. Revoltado com o cartão vermelho, o camisa 9 foi até o goleiro, que estava caído, para pedir desculpas. Ele se abaixou e chutou de leve a cabeça do goleiro. Confusão ainda maior.

Jogo aéreo. Dentro de campo, o estilo dos dois é parecido. Mais força que técnica, precisão no jogo aéreo e um jeito “chato” de jogar. “O Deyverson teve um início ruim no Palmeiras, mas foi pegando confiança. É um jogador que está em falta hoje. Está em um grande momento”, elogia Chulapa. “Ele é forte, alto, deve ter quase a minha altura (1,95m)”, compara o santista. Deyverson tem 1,88m.

Apesar de todas as semelhança­s, Deyverson e Chulapa têm diferenças profundas no currículo. Aos 27 anos, o palmeirens­e teve boa passagem pelo Alavés, da Espanha, chegou a fazer gol no Barcelona de Messi, mas ainda busca se firmar no futebol brasileiro. Ele vem sendo escalado como titular no Brasileiro, anotou sete gols, mas ainda é o reserva do colombiano Borja. Chulapa foi o maior artilheiro da história do São Paulo, com 242 gols, e terceiro maior goleador do Santos depois de Pelé, com 104 (os dois primeiros são Neymar e Robinho).

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PEDRO ERNESTO GUERRA AZEVEDO/SANTOS FC-7/8/2018 CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS Sucessor. Serginho vê em Deyverson mesmo faro de gol e facilidade pelo alto que ele tinha

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