Guarani sonha com sua volta para a elite
Com gestão ‘pé no chão’, clube de Campinas faz campanha consistente e tem boas chances de acesso
O Guarani é o time paulista com melhores chances matemáticas de voltar à elite nacional em 2019. Algo em torno de 30%. O clube soma 45 pontos em 31 jogos, e faz campanha de perseguição aos quatro primeiros colocados – o Fortaleza, de Rogério Ceni, lidera com 57 pontos. Hoje, o Bugre tem boa oportunidade de subir degraus. Encara o lanterna Boa Esporte, pela 32.ª rodada. Mesmo fora de casa, é favorito, afinal, o Boa amarga 17 derrotas na Série B. Apesar da disputa acirrada, a expectativa de seus dirigentes é que o projeto “Acesso Duplo” atinja os objetivos: subir para o Paulistão e Brasileirão – a primeira parte foi festejada.
“Nós atingimos a primeira meta e corremos atrás da segunda”, diz o empresário Nenê Zini, da BN Zini. Filho do eterno presidente Beto Zini, que montou grandes equipes na década de 1990, ele lidera o pool de empresas que comanda o futebol do clube desde o início do ano.
Procurador de atletas conhecidos como Firmino, do Liverpool e seleção, e Willian, do Palmeiras, Zini conta com o apoio de Frederico Pena, da Traffic, e Fernando Garcia, da Elenko.
A estratégia inicial visava colocar jogadores no mercado, priorizando jovens valores que teriam no clube uma vitrine. Com um grupo equilibrado, o Guarani sagrou-se campeão paulista da Série A2 e ascendeu à elite estadual em 2019. “É importante porque representa uma receita adicional de R$ 6 milhões a R$ 10 milhões com cotas de televisão e alguns novos patrocínios”, afirma Zini.
Os gestores entregaram os jogadores nas mãos de Umberto Louzer, técnico de 38 anos e com experiência na base do Paulista de Jundiaí. Segundo os coordenadores, era o momento certo para aproveitar a onda de novos técnicos como Carille, Zé Ricardo e Maurício Barbieri.
Umberto conduziu o grupo ao título e teve méritos na reformulação do elenco para a disputa da Série B. “A gente sabia que o time precisaria ser maior e mais qualificado. O processo foi realizado de forma gradual, por isso, tivemos altos e baixos, mas mantivemos um bom aproveitamento”, disse o treinador, que recebeu críticas, mas sempre teve o respaldo da diretoria.
O destaque do time campeão paulista foi o meia Bruno Nazário, que iniciou a disputa da Série B e depois se transferiu ao Atlético-PR. Ter um jogador extraclasse fazia parte do planejamento. “É um plus necessário para sair do nivelamento com os rivais”, confirma Louzer.
Na Série B, por exemplo, quem chegou ao Brinco de Ouro para desempenhar este papel foi o atacante Anselmo Ramon, de 30 anos, ex-Cruzeiro e Kashima Reysol, do Japão. Mas ele jogou pouco, atuou em sete partidas e marcou dois gols. Em julho, sofreu lesão no ligamento cruzado anterior, que o obrigou a fazer uma cirurgia e só voltará
a campo no próximo ano.
Reforços. Por sorte, Bruno Mendes, revelado no próprio Guarani e com passagens pelo Botafogo e futebol português, deu conta do recado. Aos 24 anos, ele é titular e já marcou 15 gols na temporada – seis na Série B. No processo de fortalecimento do grupo, pesou também a influência dos empresários com trânsito livre em grandes clubes. Os meias Willian Oliveira e Jeferson Nem, por exemplo, vieram do Fluminense; Rafael Longuine e Matheus Oliveira, do Santos. Todos eles com parte dos salários pagos por seus clubes de origem, segurando a folha do Guarani em torno de R$ 600 mil por mês, um patamar razoável para quem briga pelo acesso ao Brasileirão.
Depois de acumular nove rebaixamentos nas duas primeiras décadas do século, o Guarani superou uma grave crise financeira, estimulada por altas ações trabalhistas. Agora, o clube se dá ao direito de sonhar.
A torcida voltou a dar o ar da graça, comparecendo em maior número no Brinco, com média de quatro mil por jogo – já foi pior. Os dirigentes planejam chegar ao Brasileirão em 2019, o que garantiria receita em torno de R$ 30 milhões – contra R$ 8 milhões na Série B. O Guarani não disputa a elite nacional desde 2010. Em 1978, contra o Palmeiras, foi campeão nacional.