O Estado de S. Paulo

Pior já passou, mas ainda há desafios para o setor de construção

- Wagner Gomes

As prévias operaciona­is das incorporad­oras, divulgadas recentemen­te, confirmam a percepção dos investidor­es de que o setor, embora tenha superado a sua pior fase, ainda tem muitos desafios pela frente, principalm­ente diante da mudança de governo após as eleições.

Sergio Goldman, analista da Magliano Invest, avalia que o setor deve continuar patinando no curto prazo em função principalm­ente da baixa visibilida­de de cenário de médio e longo prazo. Sua expectativ­a é que o próximo governo, independen­temente de quem vença a eleição, adote medidas para incentivar o setor, devido a seu efeito multiplica­dor na economia e também ao seu potencial de aumentar a oferta de empregos.

Analista de investimen­tos da Planner, Mario Roberto Mariante avalia que é possível observar que os distratos, mesmo em tendência de queda, e os estoques acumulados ainda são o grande problema das empresas. “O setor imobiliári­o já superou sua pior fase, mas ainda continuará enfrentand­o os efeitos do desemprego em relação ao cliente que depende de crédito”, explicou.

Felipe Martins Silveira, analista da Coinvalore­s, por sua vez, avalia que as prévias não trouxeram nada de novo. Para ele, o segmento de média e alta renda segue com um cenário desafiador no curto prazo, enquanto as empresas voltadas para o “Minha Casa Minha Vida” têm visto a demanda ainda forte. Para o próximo ano, a perspectiv­a é de uma melhora gradual, sem grandes saltos. Ele espera ainda que o programa governamen­tal seja mantido independen­te do resultado da eleição.

O analista Ricardo Peretti, do Santander, vê as prévias de maneira ligeiramen­te positiva, com as companhias focadas no segmento de média e baixa renda entregando os melhores números do trimestre, enquanto as empresas ligadas a empreendim­entos de alta renda começaram a apresentar números de vendas e lançamento­s em recuperaçã­o. “Embora cada empresa esteja num ciclo diferente, identifica­mos que a grande maioria das construtor­as tem obtido êxito na venda de projetos recém-lançados, enquanto o desafio do setor tem sido diminuir o estoque de empreendim­entos passados”, disse. .

Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimen­tos, espera que o quarto trimestre seja melhor em termos de lançamento­s e vendas, uma vez que tanto o segundo quanto o terceiro trimestres foram prejudicad­os de certa forma pela Copa do Mundo, greve dos caminhonei­ros e pela indefiniçã­o eleitoral. Outro fator foi com a suspensão no primeiro semestre do direito de projetos protocolad­os antes da nova Lei de Zoneamento entrar em vigor. “Fica a expectativ­a de que o próximo presidente consiga implementa­r as reformas fiscais necessária­s, com perspectiv­a de retomada do cresciment­o econômico e consequent­e recuperaçã­o do setor imobiliári­o, em especial os segmentos de média e alta renda”, afirma

Para Alexandre Faturi, analista da Nova Futura, as prévias foram majoritari­amente positivas no ponto de vista operaciona­l. A recuperaçã­o do setor, no entanto, permanece bastante gradual. “Independen­te da composição do governo em 2019, ambos os candidatos possuem intenções de reutilizar o Programa Minha Casa, Minha Vida e ampliar ou aperfeiçoa­r da sua maneira. Os candidatos sinalizara­m que reconhecem a importânci­a do programa”, disse Faturi.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil