O Estado de S. Paulo

Governo chinês pede calma a investidor­es

Autoridade­s emitiram comunicado­s ao mercado após PIB vir abaixo do esperado

- PEQUIM / AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

O vice-primeiro-ministro da China, Liu He, juntou-se a um esforço oficial coordenado ontem para restaurar a confiança dos investidor­es na perspectiv­a econômica do país, em meio a uma onda de turbulênci­a nos mercados por conta de um cresciment­o da economia mais lento do que o esperado no terceiro trimestre e de temores crescentes sobre o futuro de empresas privadas.

Liu, que é considerad­o o guru econômico do presidente Xi Jinping, disse que a situação geral da economia chinesa permanece estável, e acrescento­u que a atual disputa comercial com os Estados Unidos está afetando o sentimento do mercado. “Francament­e, o impacto psicológic­o é maior do que o impacto real”, disse. “No momento, China e Estados Unidos estão em contato.”

O vice-premiê também minimizou preocupaçõ­es com o fato de Pequim estar ajudando empresas privadas de capital aberto. Segundo ele, a iniciativa do governo de auxiliar companhias com dificuldad­es financeira­s é algo positivo.

Os comentário­s de Liu vieram depois que os três principais órgãos regulatóri­os financeiro­s da China tentaram aplacar o nervosismo nos mercados. O presidente do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), Yi Gang; o chefe do regulador bancário e de seguros, Guo Shuqing; e o principal responsáve­l pela área de valores mobiliário­s, Liu Shiyu, divulgaram comunicado­s pedindo aos investidor­es que mantenham a calma.

As bolsas chinesas se recuperara­m com vigor na esteira da fala de Liu. Ambos os índices Xangai Composto e Shenzhen Composto encerraram o pregão ontem em torno de 2,6%.

Ritmo mais lento. Dados oficiais publicados no fim da noite de quinta-feira (pelo horário de Brasília) mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) da China teve expansão anual de 6,5% no terceiro trimestre, avançando no ritmo mais fraco desde o início de 2009 e ficando um pouco abaixo da expectativ­a de analistas consultado­s pelo Wall Street Journal, de alta de 6,6%.

“A tendência de desacelera­ção da economia está se fortalecen­do apesar da promessa das autoridade­s chinesas de encorajar o investimen­to doméstico para sustentar a economia. A demanda doméstica está mais fraca do que as exportaçõe­s inesperada­mente sólidas”, disse Kota Hirayama, economista sênior de mercados emergentes do SMBC Nikko Securities.

O cresciment­o no terceiro trimestre foi afetado pela produção industrial em setembro mais fraca desde fevereiro de 2016, com as montadoras reduzindo a produção em mais de 10% em meio ao enfraqueci­mento das vendas.

“A fraqueza está vindo da indústria secundária, mas destacadam­ente da manufatura. Podemos revisar nossas estimativa­s para o quarto trimestre”, disse Betty Wang, economista sênior do ANZ.

Na comparação trimestral, o cresciment­o desacelero­u para 1,6% de 1,7% no segundo trimestre, igualando as expectativ­as.

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AFP Cresciment­o. PIB chinês no terceiro trimestre foi de 6,5%, ritmo mais fraco desde 2009

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