Após 4 tentativas, Cesp é privatizada
Considerando a oferta de R$ 1,7 bi, a renovação da concessão de Porto Primavera e o que pode ser pago a minoritários, negócio pode superar R$ 6 bi
O governo de São Paulo conseguiu realizar ontem o leilão de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), após quatro tentativas frustradas nos últimos anos. O consórcio São Paulo Energia, formado por Votorantim Energia e o fundo de pensão Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), comprou as ações do governo paulista no bloco de controle na empresa elétrica com um lance de R$ 1,7 bilhão. Foi a única oferta. Após o resultado do leilão, as ações da Cesp na Bolsa subiram 16,12%.
Os sócios, que já possuíam uma joint venture para investimentos em energia, ofereceram R$ 14,60 por ação, o que corresponde a um ágio de 2,09% em comparação ao preço mínimo de R$ 14,30 por ação estabelecido no leilão. A operação abarca 116,4 milhões de ações pertencentes ao governo paulista – correspondentes a 35,6% do capital social da Cesp. O restante da fatia do governo, cerca de 5%, será destinado aos empregados da estatal, o que deve aumentar o valor arrecado pelo Estado para R$ 1,9 bilhão.
Desembolso. O consórcio comprador terá de ampliar a oferta para os acionistas minoritários. Se todos decidirem vender suas ações pelo mesmo valor pago ao governo paulista, o desembolso do consórcio pode chegar a R$ 4,8 bilhões. O grupo ainda deverá pagar R$ 1,397 bilhão de outorga pela renovação antecipada da concessão da usina de Porto Primavera, por 30 anos, até 2048. Considerando a renovação, o valor do negócio pode superar os R$ 6 bilhões.
“A criação da joint venture com a CPPIB foi feita em dezembro do ano passado e temos interesse em investir em energias renováveis no Brasil e a Cesp se encaixou exatamente nessa estratégia de crescimento”, disse o presidente da Votorantim Energia, Fabio Zanfelice.
A parceria representou o primeiro investimento em infraestrutura do fundo canadense no Brasil que, à época, havia anunciado a intenção de investir R$ 3 bilhões em ativos de geração de energia no País.
Risco. Às vésperas do leilão, a publicação de uma decisão judicial que suspendia a renovação da concessão de Porto Primavera, a principal usina da companhia, quase atrapalhou o processo de venda. Mas o governo paulista correu na manhã de ontem para revertera sentença do juiz Newton José Falcão, da 2.ª Vara Federal de Presidente Prudente, e obteve um mandado de segurança para suspender os efeitos da sentença do juiz. A suspensão da renovação atendia a um pedido de uma ação civil pública em nome do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo.
Além de Porto Primavera, localizada no Rio Paraná, a Cesp opera outras duas usinas hidrelétricas, Jaguari e Paraibuna, no Rio Paraíba. Juntas, as três usinas somam 1.654 MW de capacidade instalada. Só Porto Primavera responde por 1.540 MW.
O governador de São Paulo, Marcio França, disse que os recursos já estavam previstos no orçamento do Estado e devem colaborar para o fechamento das contas em 2018. O secretário da Fazenda de São Paulo, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, destacou que a privatização da Cesp foi concluída após 22 anos de tentativas de se realizar a operação.
l Justificativa “A criação da joint venture com a CPPIB foi feita em dezembro do ano passado e temos interesse em investir em energias renováveis no Brasil e a Cesp se encaixou exatamente nessa estratégia de crescimento” Fabio Zanfelice PRES. DA VOTORANTIM ENERGIA