O Estado de S. Paulo

TSE ‘PODE FAZER MAIS’

- /PAULA REVERBEL

Embora o TSE tenha convocado reuniões para tratar de fake news, algumas das sugestões para tanto não foram implementa­das, segundo Marco Aurélio Ruediger, diretor do Dapp-FGV e membro do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições do tribunal. Estudioso do modo como política e tecnologia digital se relacionam, ele alertava há tempos que, nestas eleições, haveria “um tsunami de informaçõe­s falsas”. O TSE falhou? “Não totalmente”. Mas defende “um aprimorame­nto para as eleições de 2020”.

• O que foi sugerido? Aperfeiçoa­mento técnico para identifica­r robôs (programas que mandam mensagens no WhatsApp e publicam posts) e parcerias com centros que fazem monitorame­nto de alto nível nas redes. Também sugerimos que o TSE “seguisse o dinheiro” – ou seja, acompanhas­se com atenção as subcontrat­ações das campanhas.

• Além disso, o que mais? Defendemos que os candidatos, que recebem dinheiro público para a campanha, tinham que abrir os sistemas digitais usados por eles, para permitir que a sociedade checasse dados.

• O que o TSE fez?

Alguma coisa foi feita. O tribunal promoveu vários encontros para discutir o tema, o que é muito positivo. Não acho que o TSE falhou totalmente. Mas penso que ele poderia ter feito muito mais.

• A seu ver, o que o TSE faz bem? O TSE lida bem com eleições tradiciona­is, em que o impacto da TV é muito grande. Há tempo de processar uma queixa de um candidato e compensar no programa do dia seguinte. Nas redes, as informaçõe­s chegam em avalanche, disseminad­as em tempo real, nas 24 horas do dia.

• Qual o aprendizad­o disso tudo? É preciso fazer, para 2020, um aprimorame­nto institucio­nal e articular a sociedade na vigilância. E discutir a regulação, os limites do que é livre expressão e do que deve ser suprimido.

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