‘Não foi obra de uma mente brilhante’, diz Gorbachev
Para último líder soviético, que assinou acordo em 1987, tratados nucleares devem ser mantidos
A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de abandonar o acordo nuclear com a Rússia foi criticada por um dos atores envolvidos na assinatura do tratado, o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, que chamou a atitude de inconsequente e disse que “não era obra de uma mente brilhante”.
Gorbachev considerou uma ameaça à paz a saída dos EUA do acordo, que foi assinado em 1987 por ele e pelo então presidente americano, Ronald Reagan. “Sob nenhuma circunstância deveríamos rasgar os termos do acordo de desarmamento”, disse Gorbachev, hoje com 87 anos. “É realmente muito difícil de entender. Rejeitar esses termos não é obra de uma mente brilhante.”
Em entrevista, Gorbachev ainda chamou a decisão de Trump de “muito estranha”. “Rejeitar o INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário) é um erro. Eles, em Washington, realmente não entendem as consequências”, disse Gorbachev.
Ex-secretário-geral da União Soviética, Gorbachev teve papel fundamental no fim da Guerra Fria. Em 1985, ele tentou salvar o país com reformas econômicas, chamadas de “perestroika”, e abertura política, conhecida como “glasnost”. Esgotada financeiramente e sem conseguir acompanhar o desenvolvimento tecnológico dos EUA e de seus aliados, o império soviético ruiu.
Em dezembro de 1991, já sem controle do Exército e com as repúblicas soviéticas declarando independência, Gorbachev declarou a dissolução do país. Tornou-se tão impopular que, na eleição presidencial de 1996, obteve menos de 1% dos votos.