Trump diz que vai cortar ajuda à América Central
Êxodo. Presidente critica Guatemala, El Salvador e Honduras por não conseguirem interromper avanço da marcha rumo aos EUA, mas usa imigração ilegal como tema de campanha para motivar eleitores republicanos e ganhar votos nas eleições legislativas do dia 6
Depois que a caravana de imigrantes que segue para os EUA atingiu 7 mil pessoas, segundo a ONU, o presidente Donald Trump afirmou que cortará ou reduzirá o auxílio fornecido a Guatemala, Honduras e El Salvador.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou ontem que cortará ou reduzirá substancialmente o auxílio externo fornecido a Guatemala, Honduras e El Salvador depois que, segundo ele, esses países não conseguiram impedir a caravana de imigrantes de seguir viagem rumo aos EUA. Ontem, a marcha cresceu a atingiu 7 mil pessoas, segundo estimativa da ONU.
No fim de semana, a caravana chegou à cidade mexicana de Tapachula, nos Estado de Chiapas, na fronteira com a Guatemala. Os imigrantes desafiam as ameaças de Trump de fechar a fronteira com o México, assim como os alertas do governo mexicano, que está pressionado pela Casa Branca.
Em uma série de tuítes, Trump disse ter alertado autoridades militares e federais de patrulhamento de fronteira que a caravana representa uma emergência nacional. Sem apresentar evidências, o presidente disse que na caravana estão misturados “criminosos e desconhecidos do Oriente Médio” que, segundo ele, querem invadir os EUA.
“Guatemala, Honduras e El Salvador não conseguiram impedir as pessoas de vir ilegalmente para os EUA. Agora, vamos cortar ou reduzir a ajuda externa que damos a eles”, escreveu Trump. Não estava claro a quais pagamentos Trump estava se referindo ou se ele pretender agir sem a aprovação do Congresso.
A 15 dias das eleições de meio de mandato, os comentários de Trump tornaram a caravana um grande tema de campanha. Segundo o jornal New York Times, o objetivo da Casa Branca é usar a imigração para mobilizar eleitores da base republicana.
Como o voto não é obrigatório nos EUA, o resultado da votação depende sempre do entusiasmo dos eleitores dos dois partidos. Em jogo está o controle da Câmara dos Deputados e do Senado, que pode ser determinante para o aumento da capacidade do Congresso de fiscalizar as decisões de Trump.
“Todas as vezes que você vir uma caravana, ou pessoas entrando ilegalmente, culpe os democratas por não nos dar os votos necessários para mudar nossa patética Lei de Imigração. Lembre-se das eleições de meio de mandato”, afirmou o presidente.
Apesar de Trump culpar os democratas, alguns projetos de lei sobre imigração que ele apoiou não foram aprovados na Câmara dos Deputados, controlada por seu partido, em razão de disputas entre a ala mais conservadora e a mais moderada dos republicanos – e não por objeção dos democratas.
Ajuda. A ajuda americana para El Salvador, Guatemala e Honduras, países assolados pela violência e pela pobreza, que produzem cada vez mais imigrantes, já vinha caindo nos últimos anos, de acordo com dados do governo e de uma organização civil.
A diminuição ocorreu apesar do compromisso assumido por Washington, em 2017, de financiar a Aliança para a Prosperidade na América Central, com um pedido de US$ 750 milhões em ajuda bilateral e regional.
O site oficial da ajuda externa americana destaca que a Aliança para a Prosperidade busca criar condições favoráveis para que os habitantes possam permanecer em seus países, em vez de migrar.
O Escritório de Washington para América Latina (Wola, na sigla inglês), centro de estudos que monitora a ajuda americana para a América Central, destacou que a assistência em 2016 chegou a US$ 750 milhões em ações coordenadas por várias agências.
Em 2017, a ajuda diminuiu para US$ 655 milhões em programas gerais. Para 2018, segundo o Wola, o apoio financeiro diminuiu para US$ 615 milhões, sem incluir os dados do Departamento de Defesa.
“Guatemala, Honduras e El Salvador não conseguiram impedir as pessoas de vir ilegalmente para os EUA. Agora, vamos cortar ou reduzir a ajuda que damos a eles” Donald Trump
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