O Estado de S. Paulo

Em debate no Rio, Witzel e Paes trocam acusações

Ex-juiz rebate com associação à Lava Jato citação de ex-prefeito a auxílio-moradia

- Roberta Pennafort / RIO

O candidato do DEM ao governo do Estado do Rio, Eduardo Paes, acusou ontem o adversário, Wilson Witzel (PSC), de receber um total de R$ 500 mil de auxílio-moradia na condição de juiz federal, mesmo tendo imóvel próprio. O benefício é legal, mas Paes arguiu que o auxílio faz de Witzel “um juiz sem ética”, à medida que ele afirma em sua campanha que irá cortar privilégio­s se eleito. Eles participar­am de debate promovido pela rádio CBN e pelo o portal G1.

“O auxílio-moradia é previsto em lei. Não tenho apego a nenhum tipo de verba. Se tivesse, não teria pedido exoneração”, afirmou Witzel, que deixou a magistratu­ra em março. “Que bom que o povo acordou, percebeu que minha candidatur­a é a renovação. Tivemos esse grupo, o MDB, o DEM, que administra­ram o Estado e o município e os levou à falência moral e econômica”, continuou, mais uma vez associando Paes ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso pela Operação Lava Jato há quase dois anos.

Ex-prefeito da capital, Paes sustenta que suas relações com Cabral eram institucio­nais. “Tenho 25 anos de vida pública, há dois anos estou sem qualquer tipo de foro privilegia­do, e ninguém consegue apontar o que o Eduardo Paes roubou, o que tem de luxo, absolutame­nte nada”, afirmou. O oponente citou “sete delações da Lava Jato” em que seu nome aparece – o apelido do ex-prefeito seria “Nervosinho”. Paes reforçou que não é réu na operação e que o presidente do partido de Witzel, Pastor Everaldo, também foi citado por delatores.

O candidato do DEM voltou a apontar a ligação Witzel com o advogado Luiz Carlos Azenha, que escondeu o traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, na mala de seu carro, e tentou subornar policiais para liberá-lo. O caso foi em 2011, quando Nem era um dos maiores traficante­s do Rio. O candidato do PSC reiterou que não tem “relação de proximidad­e” com ele nem existe participaç­ão de Azenha na campanha.

Paes e Witzel divergiram quando perguntado­s no debate sobre o problema da migração de traficante­s da capital para cidades do interior, na esteira das Unidades de Polícia Pacificado­ra, que expulsou os bandidos das favelas ocupadas. Paes disse que é preciso aumentar o policiamen­to no interior; Witzel defendeu o melhor aparelhame­nto da Polícia Civil para que se investigue a lavagem do dinheiro do tráfico e, assim, as quadrilhas sejam enfraqueci­das.

Corrupção. Witzel prometeu “varrer a corrupção do Estado”. Dirigindo-se ao eleitor, disse: “Sou um cidadão como você, indignado. Por isso estou aqui para varrer essas raposas da política. Estão desesperad­as. Vamos varrer em Brasília com Jair Bolsonaro. É muita arrogância do candidato achar que é eterno na política. Como político fracassado que é, será condenado pela população ao ostracismo”.

Paes voltou a criticar o fato de o candidato do PSC usar o presidenci­ável do PSL como “escada”, e se colocou como um gestor com oito anos de experiênci­a na prefeitura do Rio. “Você não é o (juiz Marcelo) Bretas, não é o (juiz Sérgio) Moro. É um personagem irrelevant­e, um juiz desconheci­do, que nunca participou de operação importante. Não estou desesperad­o. Estou querendo que a população te conheça, porque não sabe quem você é. Precisamos de alguém com experiênci­a, não alguém que nunca administro­u nada.”

“Sou um cidadão como você, indignado. Por isso estou aqui para varrer essas raposas da política. Estão desesperad­as. Vamos varrer em Brasília com Jair Bolsonaro. É muita arrogância do candidato achar que é eterno na política. Como político fracassado que é, será condenado pela população ao ostracismo.” Wilson Witzel

CANDIDATO DO PSC AO GOVERNO DO ESTADO DO RIO

“Você não é o (juiz Marcelo) Bretas, não é o (juiz Sérgio) Moro. É um personagem irrelevant­e, um juiz desconheci­do, que nunca participou de operação importante. Não estou desesperad­o. Estou querendo que a população te conheça, porque não sabe quem você é. Precisamos de alguém com experiênci­a, não alguém que nunca administro­u nada.” Eduardo Paes

CANDIDATO DO DEM AO GOVERNO DO ESTADO DO RIO

 ?? JOSE LUCENA/FUTURA PRESS ?? Rádio. Candidatos ao governo fluminense, Eduardo Paes (à esq.) e Wilson Witzel participar­am ontem de debate
JOSE LUCENA/FUTURA PRESS Rádio. Candidatos ao governo fluminense, Eduardo Paes (à esq.) e Wilson Witzel participar­am ontem de debate

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