Cesp confirma interesse pelo setor elétrico
A privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), realizada com sucesso há alguns dias, não apenas confirma o interesse dos investidores pelo setor elétrico, como retrata as dificuldades enfrentadas na alienação de um ativo público com grande visibilidade, como também ocorre com a Eletrobrás. A venda para o consórcio São Paulo Energia, formado por Votorantim Energia e o fundo de pensão Canada Pension Plan Investment Board, ocorreu após a frustração de quatro tentativas, desde que São Paulo iniciou, em 1996, o processo de desestatização do setor de energia.
Em 1997, foi privatizada a Companhia Paulista de Força e Luz. Em 1998, foi vendida a distribuidora Elektro. As geradoras Paranapanema e Tietê foram desestatizadas em 1999 e a transmissora CTEEP foi vendida em 2006. A Cesp foi controladora dessas companhias, mas, na semana passada, só dispunha do controle das usinas Porto Primavera, Jaguari e Paraibuna.
Na prática, um dos maiores obstáculos à privatização da Cesp era o vencimento, neste ano, da concessão de Porto Primavera, com capacidade instalada de 1.540 MW, do total de 1.654 MW que representavam a capacidade total de geração da Cesp. O vencedor do leilão depende da aprovação da agência reguladora Aneel para garantir a concessão de Porto Primavera até 2048.
O Estado receberá R$ 1,7 bilhão pela venda da Cesp e a União, R$ 1,4 bilhão pela renovação da concessão de Porto Primavera. A oferta de compra inclui as ações dos minoritários, que poderão vender seus papéis pelo mesmo preço dos controladores. Mais R$ 200 milhões terão de ser desembolsados na compra das ações dos empregados da Cesp que quiserem alienar os títulos.
O Grupo Votorantim e o fundo canadense já tinham constituído uma joint venture em 2017 para investir no Brasil. “Temos interesse em investir em energias renováveis no Brasil e a Cesp faz parte dessa estratégia”, disse o diretor da Votorantim Energia e presidente do Conselho da joint venture, Fabio Zanfelice. Analistas acreditam que a privatização permitirá reduzir os custos operacionais da Cesp para níveis semelhantes aos de companhias privadas de eletricidade. Tratase, provavelmente, de uma das últimas oportunidades de compra de uma estatal de porte, caso não avance a venda da Eletrobrás e subsidiárias.