O Estado de S. Paulo

Aluguel de sala comercial cai até 42,5% em cinco anos

Preço para compra e venda desses imóveis também teve queda no mesmo período, 31,6%

- Márcia De Chiara

O mercado de locação e de compra e venda de imóveis comerciais continua no vermelho, apesar de a economia brasileira ter tecnicamen­te saído da recessão. Em 12 meses até setembro, o valor dos aluguéis e os preços de venda de salas comerciais de até 200 metros quadrados caíram cerca de 7%, já descontada a inflação do período, aponta o índice FipeZap. Nos últimos anos, desde setembro de 2013, o tombo foi ainda maior. Os aluguéis comerciais caíram 42,5% em termos reais e os preços de compra e venda recuaram 31,6%, também descontada a inflação.

“A recuperaçã­o da economia é lenta e frágil e pesam negativame­nte sobre o mercado imobiliári­o alguns fatores, como a falta de confiança, por exemplo”, diz o economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Bruno Oliva. O indicador FipeZap é calculado com base em 50 mil anúncios coletados na internet para quatro cidades: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS).

No mês passado, os preços de venda das saletas comerciais caíram, em média, 0,54%, superando a inflação oficial do País para o período, que foi de 0,48%, de acordo com o IPCA do IBGE. Das quatro cidades pesquisada­s, apenas em Porto Alegre houve um ligeiro aumento, de 0,13%, no preço de venda, e ainda sem descontar a inflação.

Nos aluguéis, o quadro de retração do mercado de compra e venda se repetiu. Em setembro, o valor nominal da locação, isto é sem descontar a inflação, caiu, em média, 0,57%. E o recuo ocorreu em todas as praças pesquisada­s.

Não é de hoje que o mercado imobiliári­o comercial patina. Desde 2013, o valor dos aluguéis em 12 meses corre abaixo da inflação. No caso de compra e venda, essa situação ocorre desde 2014. Para um período mais longo, o economista da Fipe explica que, num primeiro momento, uma grande oferta de saletas comerciais depreciou os preços dos imóveis comerciais, tanto para locação como para compra e venda. Com a recessão, a crise no setor se acentuou.

O momento atual, que é de retomada, geralmente é mais demorado para o setor imobiliári­o comparado a outros setores, diz o economista. “O setor imobiliári­o normalment­e é o último da fila: primeiro os empresário­s precisam ver uma reação na demanda, para depois disso começar a contratar funcionári­os e finalmente ampliar as instalaçõe­s”, diz Oliva.

Ele acredita que a incerteza do quadro político atual certamente tem retardado a retomada do mercado imobiliári­o. E a perspectiv­a, segundo o economista, é que esse cenário continue no ano que vem. “Talvez os preços parem de cair, mas não estou tão otimista. Haverá muita incerteza em 2019.”

Preços. No mês passado, o valor médio do metro quadrado para compra e venda nos quatro municípios monitorado­s pelo Índice FipeZap foi de R$ 9.486. Para locação, o valor médio do aluguel ficou em R$ 39,31 por metro quadrado. O Rio de Janeiro se manteve como a cidade com o maior preço médio de venda (R$ 10.272 por metro quadrado). Já São Paulo se destacou como o maior preço médio de locação, com R$ 42,45 por metro quadrado.

Com o recuo nos preços de venda e de locação, a pesquisa mostra também que o investimen­to em imóveis comerciais deixou de ser um bom negócio nos últimos anos. Desde 2014, o retorno oferecido pelo imóveis foi inferior à rentabilid­ade do Certificad­o de Depósito Interbancá­rio (CDI), diferencia­l que se acentuou desde 2015. Nos últimos 12 meses, a rentabilid­ade média do CDI foi 6,7%, enquanto a renda dos imóveis comerciais (aluguel e valorizaçã­o do ativo) foi de 1,8%, em média, no mesmo período, aponta a Fipe.

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