O Estado de S. Paulo

Grupo Iguatemi vai lançar plataforma de vendas online no próximo ano

Varejo. Empresa de shoppings prepara estreia do seu próprio marketplac­e para o primeiro semestre de 2019, seguindo tendência de grandes redes do setor que tentam aliar o varejo online ao físico; BRMalls, Multiplan e CCP também testam modelos de integração

- /CÁTIA LUZ E FELIPE LAURANCE, ESPECIAL PARA O ESTADO

Fundado na década de 1960, o Shopping Iguatemi, o mais antigo do País, se prepara para entrar na era digital. A rede dona do shopping e de outros 16 no Brasil vai lançar no primeiro semestre do ano que vem o e-commerce Iguatemi 365. No formato de marketplac­e – uma espécie de shopping center virtual, que reúne diversas lojas em um só lugar –, o projeto começará com 64 marcas presentes nas unidades da rede, mas ainda mantidas sob sigilo.

“Será um e-commerce premium, que terá a curadoria da marca Iguatemi. A tecnologia do marketplac­e se assemelha ao nosso negócio: seremos também no ambiente online uma integrador­a entre os clientes e as marcas, recebendo uma comissão por esse negócio”, explica Carlos Jereissati Filho, presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers.

De acordo com o executivo, o grupo tem a seu favor o fato de ter uma marca reconhecid­a, o que é muito pouco usual no setor. “Temos um nome com uma força no comércio de shopping, em moda e estilo de vida. A gente já tem quase um milhão de usuários únicos nas redes, olhando informaçõe­s do nosso shopping. Facilita muito para esse consumidor ter um canal de compras nesse ambiente”, acrescenta Jereissati.

A novidade será apresentad­a na segunda edição do Iguatemi Talks, evento sobre sustentabi­lidade e tendências do setor de moda e varejo, que começa hoje e vai até quinta-feira, e que terá entre os palestrant­es Ermenegild­o Zegna, presidente do Ermenegild­o Zegna Group e o designer Christian Louboutin.

Jereissati ressalta ainda que a criação da plataforma online de vendas é importante para fortalecer o varejo do grupo como um todo. “‘Gostei, vi no online, vou ao shopping e compro. Comprei, não ficou bom, vou ao shopping e troco.’ Com o e-commerce, a gente vai oferecer para o cliente de todo o Brasil o Iguatemi 24 horas por dia, 365 dias por ano. Daí o nome.”

Hoje, a complement­ariedade entre o varejo físico e o e-commerce já está consolidad­a, na avaliação de Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). “Não existe cresciment­o do online sem o físico. E vice-versa. E cada vez mais essas estruturas precisam ser mais integradas, porque para o consumidor só existe um canal”, diz Humai.

Complement­ares. No setor, vários grupos estão testando soluções para aliar os dois movimentos. Em maio, com objetivo de desenvolve­r modelo de entregas usando shoppings centers como centrais de distribuiç­ão, a BRMalls, maior administra­dora de shoppings da América Latina, comprou uma participaç­ão na plataforma para entregas Delivery Center. A empresa atua como plataforma aberta, que integra diferentes sites de comércio eletrônico às lojas dos shoppings. Com o modelo, chamado de “ship from mall”, a empresa consegue entregar produtos em um dia ou até em uma hora. Forte em Porto Alegre, a companhia se prepara para chegar a São Paulo no mês que vem. A BRMalls também está à frente da área de varejo do Cubo Itaú, centro de empreended­orismo e startups criado pelo Itaú Unibanco.

Dona do BarraShopp­ing e de outros 18 empreendim­entos Brasil, a Multiplan criou a Startplan, uma espécie de acelerador­a para empresas iniciantes que desenvolve­m tecnologia­s voltadas para o varejo. Já o grupo CCP, que pertence à Cyrela e é dono dos Shopping Cidade São Paulo e Tietê Plaza Shopping, mantém desde o final do ano passado a plataforma online On Stores.

Entraves. Para o consultor Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultori­a GS&Malls, a criação de e-commerce pelos shoppings é limitada aos grandes grupos, que concentram cerca de um terço do comércio no País e têm capital para operações do gênero. Na avaliação de Marinho, os grupos terão ainda grandes desafios pela frente.

“Ao mesmo tempo que isso é uma oportunida­de, é um problema porque a maior dificuldad­e do e-commerce, em especial no Brasil, é justamente a logística. O custo da entrega e da devolução é extremamen­te alto e nossas distâncias continenta­is, junto com os problemas de aeroportos, rodovias e correios. Todo esse cenário dificulta a ação dos shoppings.”

“Será um e-commerce premium, que vai contar com a curadoria da marca Iguatemi.”

Carlos Jereissati Filho, presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO - 23/10/2012 Compra virtual. Rede, dona do JK Iguatemi, aposta no comércio eletrônico para estreitar relação com o consumidor
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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

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