O Estado de S. Paulo

Biosev, da Louis Dreyfus, põe usinas à venda

- /MÔNICA SCARAMUZZO, COM REUTERS

A Biosev, empresa de açúcar e etanol controlada pela trading global de commoditie­s Louis Dreyfus, está negociando a venda de parte de suas usinas no Brasil para reduzir suas dívidas, disseram duas fontes com conhecimen­to do assunto.

No mês passado, a companhia já tinha vendido, por R$ 203,6 milhões, a unidade Estivas, no Rio Grande do Norte, para a Pipa Agroindust­rial, que pertence à corretora de investimen­tos Socopa. A empresa está agora em negociaçõe­s para se desfazer de sua outra unidade instalada no Estado da Paraíba.

Para assessorá-la neste processo, a Biosev contratou a divisão de serviços financeiro­s da consultori­a brasileira Datagro e a área de investimen­to do Santander Brasil, de acordo com pessoas a par do assunto. A Datagro Financial está envolvida somente na venda da unidade do Nordeste. A empresa não descarta, contudo, vender usinas do Centro-Sul do País. O grupo controla 10 unidades no País – seis delas em São Paulo, duas em Mato Grosso do Sul, além de uma unidade na Paraíba e outra em Minas Gerais. O grupo é dono de um terminal de exportação de açúcar no Guarujá, o Teag. A Biosev e Datagro não quiseram comentar o assunto.

Em dificuldad­e financeira por conta da crise que afeta o setor sucroalcoo­leiro, o grupo Louis Dreyfus, segundo maior processado­r de cana do Brasil, fez em abril uma injeção de capital de US$ 1,05 bilhão na Biosev. Dois meses depois, o presidente da companhia, Rui Chammas, renunciou à presidênci­a da empresa e foi substituíd­o pelo executivo Juan José Blanchard.

Com dívida bruta de R$ 6,28 bilhões, a Biosev registrou prejuízo de R$ 506 milhões no segundo trimestre. No mesmo trimestre da safra anterior, registrou perdas de R$ 577 milhões. Ontem, as ações da companhia fecharam com forte alta de 37,3%, a R$ 4,54.

Crise. Após um forte movimento de consolidaç­ão entre 2007 e 2010, dezenas de usinas de açúcar e álcool do Brasil entraram em recuperaçã­o judicial e fecharam as portas. Concorrent­es da Louis Dreyfus, como as tradings ADM e Bunge, também investiram pesado na produção sucroalcoo­leira, mas também recuaram.

A safra brasileira de cana é esperado em torno de 630 milhões de toneladas na safra 2018/19.

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