O Estado de S. Paulo

Governo avalia reduzir subsídio ao diesel

Como preço do combustíve­l subiu menos do que o previsto, governo pode reduzir a ajuda dada aos caminhonei­ros e aliviar as contas públicas

- Adriana Fernandes Anne Warth / BRASÍLIA

A queda do dólar em relação ao real e os recuos recentes na cotação do petróleo têm feito com que o preço do óleo diesel suba em ritmo bem mais suave que o registrado no início do ano – e que levou à paralisaçã­o dos caminhonei­ros, em maio. Com isso, o governo já estuda a possibilid­ade de adotar uma regra de transição para começar a reduzir o subsídio ao diesel, uma das soluções negociadas para o fim da greve.

Pelo acordo, o governo concede um subsídio de R$ 0,30 por litro do diesel, além de ter reduzido em R$ 0,16 os tributos Cide e PIS/Cofins incidentes sobre o produto, para garantir uma queda total de R$ 0,46 por litro no preço ao consumidor.

Para bancar o subsídio, o Ministério da Fazenda reservou um orçamento de até R$ 9,5 bilhões. Mas, com os aumentos de preços menores que o esperado, a avaliação é que o montante a ser desembolsa­do será bem menor. Até agora, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis (ANP) já pagou cerca de R$ 2 bilhões, segundo técnicos do governo. E mais R$ 1,5 bilhão já está na lista para ser pago.

Reduzir os subsídios agora, antes do vencimento do programa acertado com os caminhonei­ros (em 31 de dezembro), faria com que o governo fechasse o ano com um rombo menor nas contas públicas. Esses recursos também poderiam ser usados para capitaliza­r empresas estatais.

As distribuid­oras de combustíve­l já alertaram o governo para o risco de se chegar a 31 de dezembro, prazo final do programa, com uma mudança brusca nos preços, levando a uma

corrida para o estoque do óleo diesel no final do ano.

O tema será uma das primeiras medidas a serem discutidas por membros da área econômica de Michel Temer com a equipe de transição do presidente eleito. “Se continuar caindo o preço por causa do câmbio, podemos adotar uma regra de transição, reduzindo o subsídio”, disse ao Estadão/Broadcast um integrante da equipe econômica. Segundo ele, o que interessa é o preço na bomba.

“Se o preço está caindo, não precisamos mais de subsídio”, ressaltou a fonte, destacando que, para a adoção da regra de transição, é preciso ter uma clareza maior do cenário após as eleições. A avaliação é que, à medida que o preço internacio­nal cai, o programa deixa de ser necessário. A preocupaçã­o maior é que o preço é muito sensível à volatilida­de gerada por fatores geopolític­os.

O acordo fechado com os caminhonei­ros congelou os preços do diesel nas bombas por um mês. Depois disso, foi feito um ajuste de preços de acordo com a variação da cotação do diesel no mercado internacio­nal. O preço de comerciali­zação em setembro subiu, em média R$ 0,26, e, em outubro, R$ 0,06. Pelos dados do Ministério da Fazenda, o preço ao consumidor do diesel, na última semana de setembro, chegou a R$ 3,66.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 6/6/2018 Efeito. Após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, preço do diesel caiu R$ 0,46 nas bombas

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