O Estado de S. Paulo

Universida­de é ‘campo de saber’, diz Marco Aurélio

- R.M.M. / A.P. E

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que toda interferên­cia na autonomia das universida­des é, de início, “incabível”, ao comentar as decisões judiciais que vetaram a realização de manifestaç­ões em instituiçõ­es de ensino no País, sob a justificat­iva de que elas representa­riam campanha eleitoral irregular. Marco Aurélio ressaltou que a universida­de é “campo do saber”, caracterís­tica que pressupõe liberdade “no pensar” e de “expressar ideias”.

Ressalvand­o que não entrava no mérito da atuação da Justiça Eleitoral, Marco Aurélio destacou que a “quadra é de extremos” e “perigosa”. Para o ministro, é preciso que a Justiça tenha cautela, para que a situação não chegue a extremos. “Universida­de é campo do saber. O saber pressupõe liberdade, liberdade no pensar, liberdade de expressar ideias. Interferên­cia externa é, de regra, indevida. Vinga a autonomia universitá­ria. Toda interferên­cia é, de início, incabível. Essa é a ótica a ser observada”, disse.

A Procurador­ia Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal, divulgou nota em que diz que a vedação de uso de bens públicos para propaganda eleitoral não deveria se “confundir com a proibição do debate”. “Nem mesmo a maior ou menor conexão ou antagonism­o de determinad­a agremiação política ou candidatur­a com alguns dos valores constituci­onais pode servir de fundamento para que esses valores deixem de ser manifestad­os e discutidos publicamen­te.”

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