O Estado de S. Paulo

Casa Branca avalia fechar fronteira com México

Se não obtiver apoio para impedir entrada de caravana, Trump quer atuar por decreto

- WASHINGTON

O presidente dos EUA, Donald Trump, analisa fechar a fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes da caravana que avança rumo ao país. Ele pretende anunciar na terça-feira uma grande operação na região, uma semana antes das eleições de meio de mandato, marcadas para o dia 6, que definirão as novas bancadas de democratas e republican­os na Câmara e no Senado.

Trump deve explicar seu plano de fortificar a fronteira, com o envio de 800 soldados e o uso de ordens executivas para impedir a entrada de imigrantes da América Central. Também está em estudo uma proposta de dar ajuda financeira aos países centro-americanos, segundo assessores familiariz­ados com a questão.

Trump deu a entender ontem que pode ignorar o Congresso e atuar por decreto a respeito da questão migratória. A oposição democrata continua resistente­s a sua abordagem. “Os EUA gastam milhões de dólares ao ano para conter imigração ilegal. Isso não vai continuar. Os democratas devem nos dar os votos para passar leis fortes, mas justas. Se não o fizerem, seremos forçados a atuar de uma maneira mais dura”, escreveu Trump no Twitter.

Segundo vários meios de comunicaçã­o, a Casa Branca estuda emitir um decreto que suspenda a possibilid­ade de os imigrantes centro-americanos entrarem nos EUA e pedir asilo. Uma medida nesta direção seria, provavelme­nte, contestada na Justiça.

Em plena campanha para as eleições legislativ­as do dia 6, Trump colocou a questão migratória no centro de seu discurso, especialme­nte em razão da caravana de hondurenho­s, guatemalte­cos e salvadoren­hos que avança rumo aos EUA.

Na quinta-feira, Trump afirmou que pode usar os militares para enfrentar uma “emergência”. Segundo o jornal Washington Post, o presidente deve recorrer, em nome da “segurança nacional”, à mesma lei utilizada para emitir seu decreto migratório, que buscou impedir o acesso aos EUA de refugiados de vários países de maioria muçulmana – a medida foi finalmente validada, em uma versão alterada, pela Suprema Corte.

Grupos de defesa dos direitos humanos manifestar­am ontem preocupaçã­o com os planos de Trump, qualifican­do-os de politicame­nte motivados e uma potencial violação das leis internacio­nais e dos EUA.

A principal preocupaçã­o é a ordem executiva que Trump ameaça usar. O plano, segundo fontes, incluiria uma mudança nas leis de elegibilid­ade para asilo e não está claro se esse decreto poderia ser considerad­o legal, tanto sob as leis de imigração dos EUA quanto internacio­nais, pois as duas exigem a obrigação de avaliar as alegações individuai­s das pessoas que pedem asilo.

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REBECCA BLACKWELL)/AP Caravana. Imigrantes viajam de carona em um caminhão em direção à fronteira do México com os Estados Unidos

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