O Estado de S. Paulo

Analistas mostram otimismo para novas ofertas de ações em 2019

- Renato Carvalho

Os analistas do mercado financeiro demonstram otimismo em relação ao potencial de curto prazo para oferta de ações no mercado brasileiro. Segundo os profission­ais, a confirmaçã­o da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidênci­a da República vai trazer um alívio que pode elevar a demanda por ativos brasileiro­s por parte dos investidor­es estrangeir­os, e citam também a recuperaçã­o econômica como um fator decisivo.

Para Alexandre Faturi, analista da Nova Futura Investimen­tos, o mercado estima uma mudança estrutural relevante após os resultados das eleições. “Consideran­do que o processo de abertura de capital é extenso e custoso, uma das decisões mais difíceis das empresas é definir o momento ideal do IPO. Historicam­ente, as empresas emissoras normalment­e tentam sincroniza­r os seus IPOs em períodos de otimismo no mercado acionário, quando há perspectiv­a de retornos maiores”, completa Faturi. Para ele, haverá mais ofertas no próximo ano em relação a 2018.

Sergio Goldman, analista da Magliano Invest, cita inclusive a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em ações) realizada pela empresa de meios de pagamento Stone na Bolsa de Nova York. “A oferta da Stone, apesar de ter sido feita apenas nos EUA, mostrou que existe interesse por ativos brasileiro­s de qualidade, apesar das incertezas macroeconô­mica e política. Após a eleição, e principalm­ente para 2019, nossa expectativ­a é que haja mais sinais positivos de recuperaçã­o da economia, o que deve favorecer as ofertas de ações”.

Já Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimen­tos, tem uma visão um pouco mais cautelosa sobre o ambiente para novas ofertas. Ele lembra que foram realizadas três ofertas este ano que movimentar­am R$ 6,75 bilhões, ante um ano de 2017 com nove ofertas e captação de R$ 20 bilhões. A greve dos caminhonei­ros e o aperto monetário nos Estados Unidos, além do cenário eleitoral, colocaram as empresas em compasso de espera.

Para 2019, Suzaki afirma que o número de ofertas vai depender, principalm­ente, da capacidade do novo governo de implementa­r reformas estruturai­s importante­s, que vão permitir maior volume de investimen­tos e cresciment­o econômico. Para o analista, existe sim uma janela de oportunida­de no final deste ano, mas ela também vai depender da montagem da equipe de governo.

Esse otimismo com a oferta de ações aparece também nas carteiras recomendad­as, com a presença da B3 em diversos portfólios. A Magliano incluiu B3 ON no lugar de Cemig ON. “Vemos a ação da empresa como um veículo para exposição aos fundamento­s macro do País. No médio prazo, esperamos uma retomada da economia que acabará levando a um aumento no volume de ofertas de ações e também a um aumento nos volumes nos diversos ativos negociados na B3”, diz a corretora.

Ultrapar ON entrou nas carteiras da Terra Investimen­tos e da Nova Futura. A Terra justifica a inclusão diante da queda de 50% acumulada no ano. Mesmo admitindo as dificuldad­es que levaram a esse cenário, os analistas da corretora acreditam em uma recuperaçã­o operaciona­l dos postos Ipiranga, negócio mais importante dentro dos resultados da Ultrapar. “Além disso, destacamos que as ações negociam nos mesmos níveis que a BR Distribuid­ora, apesar de ser uma companhia privada e apresentar maiores margens e eficiência operaciona­l”, diz a Terra.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil