O Estado de S. Paulo

MP deve viabilizar privatizaç­ão da Amazonas Energia

Leilão da distribuid­ora já foi adiado por falta de interessad­os; se empresa não for vendida, prejuízo para o governo será de R$ 5 bi

- Anne Warth Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Para viabilizar a privatizaç­ão da Amazonas Energia, o governo deve publicar uma nova Medida Provisória nos próximos dias. Será a terceira tentativa legislativ­a para solucionar os problemas financeiro­s da distribuid­ora do Grupo Eletrobrás que dá mais prejuízos.

O leilão da Amazonas Energia já foi adiado diversas vezes por falta de interessad­os na empresa, que tem dívidas bilionária­s com a Petrobrás, pela compra de combustíve­is para abastecime­nto de termoelétr­icas na região. Nesta semana, o governo decidiu remarcar a licitação para 27 de novembro e, paralelame­nte, trabalhar por uma solução definitiva para os problemas da companhia.

Por isso, a nova MP deve trazer um texto semelhante ao das iniciativa­s anteriores, a MP 814/2017, que caducou e perdeu validade antes de ser votada pelo Congresso, e o projeto de lei 77, que foi aprovado na Câmara, mas rejeitado e, consequent­emente, arquivado pelo Senado.

Desta vez, no entanto, a estratégia será diferente. Enquanto projetos de lei só passam a vigorar após aprovação pelo Congresso e sanção presidenci­al, medidas provisória­s têm validade a partir da data de publicação. Por isso, a ideia é publicar a MP o mais rapidament­e possível e leiloar a Amazonas Energia o quanto antes, sem que seja necessário mudar as condições propostas no edital de venda.

Se a licitação for bem-sucedida, o governo não precisará vencer a resistênci­a de parlamenta­res às privatizaç­ões. A MP só deve ser apreciada no ano que vem, pela nova composição do Congresso, de forma que o governo poderia contar com o apoio da futura bancada para aprová-la.

Mesmo na eventualid­ade de que a MP perca a validade sem ser apreciada por deputados e senadores, os atos praticados durante sua vigência não seriam ilegais. A privatizaç­ão das distribuid­oras da Eletrobrás já foi autorizada em outra lei.

Imbróglios. A Amazonas Energia é um dos maiores imbróglios e está na lista das principais preocupaçõ­es do governo. A ideia é resolver o problema ainda neste ano, pois o risco fiscal da liquidação da empresa é enorme e pode gerar um rombo de cerca de R$ 5 bilhões para o próximo governo. Em 2016, a Eletrobrás desistiu de tocar a distribuid­ora depois de anos de prejuízos acumulados e, agora, opera a empresa em um regime precário de designação, à espera do leilão. Por outro lado, não há espaço no orçamento da União para assumir essa conta.

O maior desafio é viabilizar uma nova garantia para a dívida da Eletrobrás com a Petrobrás, de cerca de R$ 15 bilhões, cujos termos já foram negociados. O problema é que a operação estava

lastreada em um aporte de R$ 3,5 bilhões que o Tesouro faria à Eletrobrás em 2019. Com a rejeição do projeto de lei, esse aporte não tem mais base legal para ser feito.

O martelo ainda não foi batido e existem alternativ­as em estudo, mas uma das hipóteses é reduzir o subsídio ao diesel, dado durante a greve dos caminhonei­ros (veja mais na página B3). A valorizaçã­o do real frente ao dólar e a queda da cotação do barril de petróleo renderam uma sobra ao governo, que poderia ser utilizada para fazer o aporte à Eletrobrás.

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FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL-16/10/2018 Disputa. MP anterior caducou pois Congresso não votou

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