Executivo deixa comando do BB e vai para a Cielo.
À frente do banco público há dois anos, executivo assumirá empresa de ‘maquininhas’, que enfrenta forte concorrência das fintechs
O presidente executivo do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, deixou ontem o cargo para assumir o comando da empresa de meios de pagamentos Cielo, conforme antecipou a Coluna do Broadcast. O executivo sairá do BB no próximo dia 1.º de novembro e assumirá o novo cargo no dia 5. Ele estava no cargo havia dois anos.
Marcelo Labuto, de 47 anos, atual vice-presidente de Negócios de Varejo do banco, foi indicado pelo presidente Michel Temer para comandar o BB. Com 47 anos e natural de Belo Horizonte (MG), Labuto é graduado em Administração pela Universidade de Brasília (UNB) e funcionário de carreira do banco desde 1992. Estava à frente de negócios de varejo desde 2016.
Em dois anos de mandato no banco público (o executivo acumula mais de 30 anos como funcionário da instituição), Caffarelli conseguiu recuperar o retorno do BB – prejudicado pela estratégia da ex-presidente Dilma Rousseff de usar os bancos públicos para baixar os juros no País –, melhorar os índices de capital e engordar resultados.
A rentabilidade – medida pelo indicador RSPL (retorno sobre o patrimônio líquido) – saiu de 7,9% no primeiro semestre de 2016 para 13,3% ao final de junho deste ano. Em termos de resultado trimestral, o lucro líquido ajustado do banco saltou quase 80%, saindo de R$ 1,801 bilhão no segundo trimestre de 2016 para R$ 3,240 bilhões no mesmo intervalo deste ano.
Desafio. Na Cielo, o nome de Caffarelli foi aprovado por unanimidade pelo conselho de administração. A empresa ficou por mais de dois meses sem comando. Eduardo Gouveia alegou questões de foro pessoal e familiar para deixar em agosto a adquirente, após um ano e meio no cargo.
O principal desafio de Caffarelli será trazer a líder do setor de volta ao eixo em meio ao acirramento da concorrência. Com o ataque sofrido de outros adquirentes – como PagSeguro, do Uol, GetNet, do Santander, e Stone, que estreou na quintafeira na Nasdaq –, a Cielo verá seu lucro líquido encolher neste ano, conforme projeções de analistas. É a primeira vez isso ocorre desde 2009, quando a companhia abriu seu capital.
Entre os erros recentes da companhia, disseram fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, estão a manutenção de preços mais altos do que os cobrados pelos novatos e a ausência de uma oferta de produtos e serviços mais simples para o lojista.
Entre analistas, há questionamentos quanto ao perfil de CEO que a companhia necessita diante do atual momento do mercado de meios de pagamentos. “Embora Caffarelli tenha histórico inquestionável, continuamos nos perguntando se o CEO que a Cielo precisa agora é de um executivo sênior de sucesso de um de seus bancos controladores”, avaliou o Citibank, em relatório ao mercado. “Talvez a pessoa necessária para tornar a Cielo ótima de novo seria alguém com um background mais fintech.”