O Estado de S. Paulo

RS elege Eduardo Leite, seu governador mais jovem

Tucano Eduardo Leite, de 33 anos, obteve 53,6% dos votos; no primeiro discurso, diz que vai focar no desenvolvi­mento do Estado

- Filipe Strazzer / PORTO ALEGRE

Aos 33 anos, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) se tornou ontem o mais jovem governador do Rio Grande do Sul desde a redemocrat­ização. O tucano obteve 53,62% dos votos válidos, enquanto o atual governador, José Ivo Sartori (MDB), ficou com 46,38%. Com a eleição, o PSDB volta a administra­r o Estado após 8 anos – Yeda Crusius governou entre 2007 e 2010.

Em seu primeiro discurso após a confirmaçã­o da vitória, o novo governador gaúcho agradeceu aos eleitores e à cidade de Pelotas, que deu mais de 90% dos votos para ele. “É significat­ivo, expressivo e uma responsabi­lidade para honrar toda essa confiança”, disse. O tucano também criticou o uso de fake news durante a campanha e falou em “esperança”. “O povo gaúcho demonstrou que não cede a mentiras, que quer a esperança no lugar do medo”, afirmou.

Quando discursou, Leite disse que já havia sido parabeniza­do por Sartori. “Eu agradeci a gentileza da ligação dele. Eu reconheço o governador como uma pessoa idônea, a quem eu sempre respeitei. Saliento, nunca fiz ataque pessoal, embora não tenha merecido o tratamento do outro lado, que me atacou pessoalmen­te. Se não na pessoa do governador, mas aqueles que estavam vinculados a ele.”

Leite também falou sobre a transição. “Vamos refinar os projetos. A transição é um dos momentos mais importante­s para começarmos a trabalhar desde o primeiro dia, para focar no desenvolvi­mento econômico,

na Segurança Pública e no reequilíbr­io financeiro para colocar os salários dos servidores em dia”, disse.

Durante a campanha, Leite apostou no discurso da “renovação com experiênci­a” para se eleger. Em 2012, o tucano foi eleito o prefeito mais jovem da história de Pelotas, com apenas 27 anos.

Entre suas propostas está a adesão “em outros termos” ao programa federal que permite auxílio à crise fiscal do Estado, além da “melhoria” na gestão dos recursos públicos, principalm­ente na Saúde e na Educação. Ele tem como vice o delegado e ex-chefe da Polícia Civil Ranolfo Vieira Jr. (PTB), com quem pretende montar um plano estadual para a Segurança Pública. ‘Novidade’. A “renovação” proposta por Leite encontrou eco no eleitorado, insatisfei­to com a classe política “tradiciona­l”, segundo o professor da UFRGS e analista político Aragon Dasso Júnior. “Leite, de alguma forma, representa uma novidade nesse cenário. Ele é jovem, ainda não maculado por esse elemento da política, e também havia um grau de rechaço ao PT.”

Para o cientista político da Escola de Humanidade­s da PUCRS Augusto Neftali, a aliança firmada com PP e PTB, siglas com grande capilarida­de no Estado, foi importante para o sucesso da candidatur­a. “Isso colocou a campanha do Sartori num espaço desconfort­ável de ter uma pauta liberal e não contar com os partidos mais fortemente associados a esta pauta.”

Em 2019, Leite vai administra­r um Estado com uma dívida que deve alcançar R$ 80 bilhões e, segundo analistas, o novo governador precisará de articulaçã­o para aprovar suas medidas. “Ele salta de um município para uma escala muito maior e não tem trajetória estadual ou federal. O Rio Grande do Sul é mais complexo”, afirma professor da UFRGS, Dasso Júnior.

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FLÁVIO NEVES Jovem. Eduardo Leite se apresentou como a ‘renovação’

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