RS elege Eduardo Leite, seu governador mais jovem
Tucano Eduardo Leite, de 33 anos, obteve 53,6% dos votos; no primeiro discurso, diz que vai focar no desenvolvimento do Estado
Aos 33 anos, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) se tornou ontem o mais jovem governador do Rio Grande do Sul desde a redemocratização. O tucano obteve 53,62% dos votos válidos, enquanto o atual governador, José Ivo Sartori (MDB), ficou com 46,38%. Com a eleição, o PSDB volta a administrar o Estado após 8 anos – Yeda Crusius governou entre 2007 e 2010.
Em seu primeiro discurso após a confirmação da vitória, o novo governador gaúcho agradeceu aos eleitores e à cidade de Pelotas, que deu mais de 90% dos votos para ele. “É significativo, expressivo e uma responsabilidade para honrar toda essa confiança”, disse. O tucano também criticou o uso de fake news durante a campanha e falou em “esperança”. “O povo gaúcho demonstrou que não cede a mentiras, que quer a esperança no lugar do medo”, afirmou.
Quando discursou, Leite disse que já havia sido parabenizado por Sartori. “Eu agradeci a gentileza da ligação dele. Eu reconheço o governador como uma pessoa idônea, a quem eu sempre respeitei. Saliento, nunca fiz ataque pessoal, embora não tenha merecido o tratamento do outro lado, que me atacou pessoalmente. Se não na pessoa do governador, mas aqueles que estavam vinculados a ele.”
Leite também falou sobre a transição. “Vamos refinar os projetos. A transição é um dos momentos mais importantes para começarmos a trabalhar desde o primeiro dia, para focar no desenvolvimento econômico,
na Segurança Pública e no reequilíbrio financeiro para colocar os salários dos servidores em dia”, disse.
Durante a campanha, Leite apostou no discurso da “renovação com experiência” para se eleger. Em 2012, o tucano foi eleito o prefeito mais jovem da história de Pelotas, com apenas 27 anos.
Entre suas propostas está a adesão “em outros termos” ao programa federal que permite auxílio à crise fiscal do Estado, além da “melhoria” na gestão dos recursos públicos, principalmente na Saúde e na Educação. Ele tem como vice o delegado e ex-chefe da Polícia Civil Ranolfo Vieira Jr. (PTB), com quem pretende montar um plano estadual para a Segurança Pública. ‘Novidade’. A “renovação” proposta por Leite encontrou eco no eleitorado, insatisfeito com a classe política “tradicional”, segundo o professor da UFRGS e analista político Aragon Dasso Júnior. “Leite, de alguma forma, representa uma novidade nesse cenário. Ele é jovem, ainda não maculado por esse elemento da política, e também havia um grau de rechaço ao PT.”
Para o cientista político da Escola de Humanidades da PUCRS Augusto Neftali, a aliança firmada com PP e PTB, siglas com grande capilaridade no Estado, foi importante para o sucesso da candidatura. “Isso colocou a campanha do Sartori num espaço desconfortável de ter uma pauta liberal e não contar com os partidos mais fortemente associados a esta pauta.”
Em 2019, Leite vai administrar um Estado com uma dívida que deve alcançar R$ 80 bilhões e, segundo analistas, o novo governador precisará de articulação para aprovar suas medidas. “Ele salta de um município para uma escala muito maior e não tem trajetória estadual ou federal. O Rio Grande do Sul é mais complexo”, afirma professor da UFRGS, Dasso Júnior.