O Estado de S. Paulo

Ministério deverá ter aliados recentes

Cotados, Bebianno, Guedes e Lorenzoni se juntaram há pouco tempo a Bolsonaro

- Renata Agostini

A lista com os 50 nomes da equipe de transição estava quase fechada quando Jair Bolsonaro determinou novo toque de recolher na campanha e avocou para si a tarefa de escolher cada um dos aliados que farão parte de seu primeiro time de governo. A decisão pegou alguns do grupo de surpresa, mas foi vista apenas como recuo estratégic­o. No entorno de Bolsonaro, há poucas dúvidas sobre o time que, ao lado presidente eleito, emergirá ao poder.

O núcleo duro de Bolsonaro é composto por aliados de longa data e outros conquistad­os mais recentemen­te, já no curso das tratativas rumo à disputa eleitoral. Diferentem­ente de outros candidatos, o presidente eleito tem um núcleo político robusto dentro de casa.

Levados à política pelo pai, o senador eleito Flávio, o vereador Carlos e o deputado federal Eduardo – os três primeiros dos cinco filhos de Bolsonaro – contam com a confiança do presidente eleito e compõem seu grupo mais próximo.

Fora do círculo familiar, quatro personagen­s detém atualmente inegável influência no entorno do militar. O advogado Gustavo Bebianno, presidente interino do PSL, conheceu Bolsonaro apenas em 2017 após inúmeras tentativas de aproximaçã­o, mas hoje é peça central nas articulaçõ­es políticas do grupo bolsonaris­ta. É cotado para compor o ministério do governo e tem atuado nos bastidores sondando nomes para compor a nova administra­ção.

Até pouco tempo neófito no mundo político, o economista Paulo Guedes foi apresentad­o a Bolsonaro em novembro do ano passado e uniu-se ao grupo oficialmen­te neste ano. Tornou-se fiador de seu projeto liberal e muleta de primeira quando o assunto na campanha se voltou para a economia – passou a ser chamado jocosament­e pelo próprio candidato de “Posto Ipiranga”.

Sondagens. Guedes, indicado por Bolsonaro como seu futuro ministro da Economia, coordena um grupo grande de técnicos, entre economista­s, advogados e outros especialis­tas, que trabalham no plano de governo. Ele tem feito sondagens para cargos no futuro governo entre executivos de bancos e gestoras e integrante­s da equipe de Michel Temer.

Também apontados como ministros de seu governo, outros dois nomes completam o primeiro time de aliados: o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que assumirá a Casa Civil, e o general da reserva Augusto Heleno, convidado para assumir a Defesa. Com Heleno, a relação remonta à década de 1970, quando se conheceram na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

A proximidad­e, no entanto, veio após o impeachmen­t da presidente cassada Dilma Rousseff. Procurado pelo próprio Bolsonaro para ajudar com a campanha, Heleno montou uma equipe ampla para discutir propostas de governo. Lorenzoni, cuja amizade com Bolsonaro veio dos tempos de Congresso, é entusiasta e apoiador de sua candidatur­a desde o início. Trabalhou em costuras locais próBolsona­ro nas eleições e está encarregad­o das conversas com outros deputados para angariar apoio e montar a base parlamenta­r do governo.

Da caserna. O núcleo militar, no qual Heleno exerce liderança, é composto ainda pelos generais Oswaldo Ferreira, outro nome cotado para ocupar um ministério de Bolsonaro, e Aléssio Souto Ribeiro, que trabalha no grupo de governo que elabora propostas paras as áreas de educação e ciência e tecnologia.

O time da caserna foi ganhando força ao longo da campanha e a expectativ­a é de que ocupe espaço relevante em Brasília – fala-se até em um militar na presidênci­a da Petrobrás.

O núcleo político, que tem Lorenzoni em papel de destaque, é composto ainda por nomes que se tornaram pontes importante­s de Bolsonaro com grupos do Congresso. O senador eleito Major Olímpio, filiou-se ao PSL neste ano no encalço do capitão, tornou-se presidente do partido em São Paulo e compõe a chamada “bancada da bala”. O senador Magno Malta (PP-ES), ex-pastor que não conseguiu se reeleger, tem trânsito entre lideranças evangélica­s.

No grupo de conselheir­os empresaria­is, Paulo Marinho foi ganhando relevância durante o avanço da campanha. Entusiasta inicialmen­te da candidatur­a de João Doria (PSDB) ao Palácio do Planalto, foi se aproximand­o do grupo bolsonaris­ta com a ajuda de Bebianno, de quem é amigo.

Marinho tornou-se primeiro suplente de Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio, e transformo­u sua casa nos últimos meses em base da campanha do capitão da reserva – é na residência do empresário onde Bolsonaro grava vídeos para o horário eleitoral, por exemplo.

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FOTOS: PAULO WHITAKER E RICARDO MORAES/REUTERS - INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO A divisão dos 'núcleos' no entorno de Jair Bolsonaro (PSL)
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NA WEB Especial. O que acontece entre resultado e posse estadao.com.br/e/poseleicao

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