O Estado de S. Paulo

General Mourão descarta mais verba para setor militar

Vice-presidente eleito na chapa de Bolsonaro diz que Forças Armadas ‘têm de compreende­r’ que Orçamento precisa privilegia­r outras áreas

- Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), eleito vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), lamentou ontem o aperto no orçamento das Forças Armadas, mas reconheceu que não deve haver grandes alterações. “Da forma como está hoje, não há como a gente privilegia­r as Forças Armadas. É o dilema da economia: canhão ou manteiga. Ou você privilegia as Forças Armadas ou você privilegia as outras coisas que o Brasil precisa, e as Forças compreende­m isso”, disse ele.

Mourão anunciou ainda um “enxugament­o” do número de servidores na Vice-Presidênci­a, hoje na casa de 140. “Eu já estou planejando enxugament­o da vice. Tem muita gente ali. Se nós queremos passar uma imagem de austeridad­e, não pode ter muita gente. Temos de começar cortando lá”, afirmou ele, pedindo que auxiliares estudem o caso e apresentem “uma linha de ação”.

Em entrevista ao Estado, Mourão reiterou que “não será um vice figurativo, aquele que fica ali só para cumprir tabela, ou seja, substituir eventualme­nte o presidente”. E ressaltou que o próprio Bolsonaro lhe disse querer “participaç­ão ativa”. Mourão também afirmou que “não se arrepende” do que falou na campanha. “Não tem nada que eu tenha feito para agredir ou ofender as pessoas.” Algumas afirmações feitas ao longo da campanha geraram polêmicas, como críticas ao 13.º salário.

Voo cancelado. Mourão chegou na noite de sábado a Brasília para votar e pretendia regressar ao Rio em voo marcado para as 15h30 de ontem, mas a viagem acabou sendo cancelada. Depois de espera e discussão, de acordo com o general, ele foi realocado em outro voo, em outra companhia, saindo de Brasília apenas às 19h15 e chegando ao Rio depois do final do resultado das urnas. Antes do cancelamen­to do voo, Mourão chegaria ao Rio pouco antes das 17 horas para acompanhar com Bolsonaro o encerramen­to da apuração.

Mourão, que circula sem seguranças e diz que gosta de poder “jogar vôlei na praia” e correr sem ninguém por perto, não se considera um potencial alvo de ataques. “Eu não preciso. Eu não sou alvo. A minha segurança é a minha capacidade de correr”, disse rindo e comentando sua performanc­e.

Ontem, por exemplo, ele correu oito quilômetro­s depois de votar. Mourão, que foi interrompi­do várias vezes no aeroporto e quando votava para tirar fotos com apoiadores, contou que “em todo esse período” só uma vez foi xingado. “O rapaz me chamou de nazista, de fascista. Eu mandei um abraço e um beijo para ele e segui em frente”, disse ele, ao comentar que deverá ocupar o Palácio do Jaburu. “Jaburu é a parte que me toca nesse latifúndio, a não ser que Bolsonaro queira ir pra lá”, afirmou ele.

“Ou você privilegia as Forças Armadas ou você privilegia as outras coisas que o Brasil precisa, e as Forças compreende­m isso” Hamilton Mourão

VICE-PRESIDENTE ELEITO NA

CHAPA DE JAIR BOLSONARO

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ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO Sem segurança. Mourão fez diversas selfies ao votar no Setor Militar Urbano, em Brasília

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