O Estado de S. Paulo

Onda conservado­ra faz maioria dos governador­es

Número de siglas que repartirão os Executivos estaduais vai de 9 para 13 em 2018, em comparação com 2014; renovação cresceu

- Marcelo Godoy

A onda conservado­ra que elegeu Jair Bolsonaro (PSL) presidente se espalhou pelos governos estaduais. Ao todo, 14 dos novos governador­es se elegeram com discurso marcadamen­te vinculado à direita. Os partidos da direita e do centro fizeram ao todo 18 executivos estaduais. A fragmentaç­ão partidária presente no Congresso se estendeu aos executivos estaduais: ao todo, 13 partidos elegeram governador­es em 2018, ante nove legendas em 2014.

Desse grupo de 18 governador­es, 13 declararam voto ou apoio ao presidente eleito durante a campanha. O PSL, partido de Bolsonaro, elegeu três governador­es – Santa Catarina (Comandante Moisés), Rondônia (Coronel Marcos Rocha) e Roraima (Antonio Denarium).

Também declararam apoio a Bolsonaro três tucanos (João Doria, Eduardo Leite e Reinaldo Azambuja), os dois governador­es do DEM (Ronaldo Caiado e Mauro Mendes), os dois do PSC (Wilson Lima e Wilson Witzel), Romeu Zema (Novo), Gladson Cameli (PP) e Ratinho Junior (PSD). A centro-direita completa esse grupo com Mauro Carlesse (PHS), reeleito para governar o Tocantins.

Quatro outros governador­es eleitos por partidos do centro ou apoiaram o candidato derrotado Fernando Haddad (PT) – caso de Belivaldo Chagas (PSD, eleito em Sergipe em coligação com o PT) e Renan Filho (MDB, reeleito em Alagoas) – ou ficaram neutros no segundo turno, como ocorreu com os emedebista­s Ibaneis Rocha (DF) e Helder Barbalho (PA).

Nordeste. A onda conservado­ra ficou afastada apenas da Região Nordeste, onde todos os eleitos apoiaram Haddad. Foi ali que o PT conseguiu reeleger três governador­es já no primeiro turno – Camilo Santana, no Ceará, Rui Costa, na Bahia, e Wellington Dias, no Piauí – e eleger ontem um quarto, Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte).

O PT foi o partido que mais elegeu governador­es. E esse ponto dá a dimensão do tamanho da fragmentaç­ão partidária nesta eleição. Em 2014, o MDB fez sete executivos estaduais. Naquele ano, o PT havia conquistad­o cinco Estados, mesma quantidade obtida então pelo PSDB. Os três partidos que juntos haviam eleito a maioria dos governador­es (17) conquistar­am em 2018 dez executivos estaduais.

Depois do PT, os partidos que mais elegerem governador­es neste ano foram o PSL de Bolsonaro, o PSB, o PSDB e o MDB, cada um com três. Outros três partidos do centro-direita – DEM, PSD e PSC –, que compõem o Centrão no Congresso, conseguira­m eleger dois governador­es cada um. Os socialista­s e os democratas são os dois únicos partidos que terminaram a eleição de 2018 com o mesmo número de governador­es eleitos em 2014.

A fragmentaç­ão fica ainda mais evidente quando o quadro atual é comparado com o registrado após as eleições de 2010. Naquele ano, apenas seis legendas conseguira­m eleger governador­es – PSDB, MDB, PSB e PT reuniam 24 dos governador­es eleitos. Os tucanos eram então o maior partido nos Estados – tinham oito –, seguido pelo PSB (6) e pelo PT e MDB, cada um com cinco.

Sobravam então três governos, divididos entre o DEM (2) e PMN (1). Desta vez, cinco partidos conquistar­am um único executivo estadual: o PP (Acre), o Novo (Minas), o PHS (Tocantins), o PDT (Amapá) e o PCdoB (Maranhão).

Renovação. A renovação também foi a marca dessa eleição. Ao todo, 15 governador­es eleitos são de legendas diferentes das que haviam conquistad­o os executivos estaduais em 2014. Houve dez reeleições neste ano, e o partido da situação governista conseguiu se manter no poder com outro candidato em apenas dois Estados – São Paulo e Paraíba.

Em 2014, 11 governador­es foram reeleitos e quatro eram os candidatos apoiados pelos chefes de executivo, deixando apenas 11 para serem ocupados pelos opositores aos governos de então. Símbolo da renovação deste ano são os governador­es eleitos pelo Novo em Minas e pelo PSC no Rio. Tanto o empresário Romeu Zema quanto o exjuiz federal Wilson Witzel eram candidatos pouco conhecidos em seus Estados e derrotaram os favoritos – o tucano Antonio Anastasia, em Minas, e o democrata Eduardo Paes, no Rio.

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ADRIANO ABREU/ TRIBUNA DO NORTE Petista. Fátima foi única candidata do PT a vencer no 2º turno
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PSL/RR Bolsonaris­ta. Antonio Denarium (PSL) ganhou em Roraima
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RAIMUNDO PACCÓ/FRAMEPHOTO Neutro. Helder Barbalho, do MDB, levou governo do Pará

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